As redes sociais só vieram atafulhar, mais ainda, uma azáfama já a transbordar de rumores, burburinhos, anúncios e conteúdo sarapintados por todo o lado, só que fizeram-no vindas de um bom fundo, no fundo: muito são os adeptos que seguem o dia-a-dia do seu clube por aí, para sorverem diretamente da fonte. Não havendo hoje equipa sem presença em Twitters, Facebooks ou Instagrams da vida, simplesmente escarrapachar novidades por lá deixou de ser suficiente. Para captar as antenas das pessoas, os clubes passaram a ter que puxar pelo engenho e assim colidimos com o TSG 1899 Hoffenheim.
Com uma ajudinha das maravilhas da tecnologia, o clube alemão apresentou o novato Eduardo Quaresma, que pediu emprestado ao Sporting, manipulando um vídeo do seu conterrâneo futebolístico mais popular que há. A brincadeira denunciou-se a ela própria: nunca Cristiano Ronaldo estaria de camisola de gola alta, em pleno verão, a dizer “what a player” com a sua voz antes de outra, soando a robô, lhe ser posta nos lábios para enunciar o nome do jovem defesa como a nova contratação do clube da Bundesliga. A não ser que estivesse noutras latitudes mais frias do hemisfério sul por esta altura do ano em vez de a treinar com o Manchester United, onde todo ele continua a ser uma polémica.
A novela do vai-não-vai com Cristiano Ronaldo esmoreceu quase nada. Desde que Erik ten Hag apelidou de “inaceitável” a saída do português e de outros jogadores da equipa a meio do particular com o Rayo Vallecano, o treinador já veio dizer que o capitão da seleção tem de se colocar em forma e “provar” o que vale. Esta sexta-feira, no lançamento da Premier League, o neerlandês garantiu estar “muito satisfeito” com o “avançado de topo” que tem na equipa. De Cristiano, como noutras núpcias semelhantes a estas no Real Madrid e na Juventus, continua mudo. Ao contrário de Robert Lewandowski, o polaco que até parecia nervoso ao ser finalmente apresentado aos adeptos do Barcelona em Camp Nou, ou de Pep Guardiola, desconhecedor se Bernardo Silva continuará no Manchester City.
Houve outro diz que disse ou não disse em Inglaterra, quando o Brighton foi para as suas redes sociais assinalar, na quarta-feira, as “notícia não rigorosas” que davam conta de haver um acordo para vender Marc Cucurella ao Chelsea. Jornais e televisões-mil no país garantiam que estava tudo certo. Dois dias depois e no Twitter, o clube de Londres virou o disco para tocar diferente: “após vários relatos de numerosos meios de comunicação, confirmamos que chegámos a acordo”. Entre o cruzamento de verdades, lateral esquerdo espanhol custou €60 milhões e o valor poderá chegar perto dos €70 milhões. Ao Chelsea que trocou de dono, mas continua esbanjador, também chegou Carney Chukwuemeka, promessa inglesa vinda do Aston Villa, pelo mesmo número que tem na idade: €18 milhões.
Muito mais do que os €15 milhões pagos pelo Paris Saint-Germain ao Lille por Renato Sanches, o médio a promover abraços num ponto de encontro - é a segunda vez que trabalhará com o treinador Christophe Galtier, com quem foi campeão francês em 2021, sendo também um ‘bis’ de vezes em que Luís Campos, novo diretor-desportivo dos milionários parisienses, orquestrou uma transferência para ter o internacional português - por falar em quem já vestiu esse manto, Gonçalo Paciência jogará esta época no Celta de Vigo, mais perto de casa, por empréstimo do Eintracht Frankfurt.
Entre ambos na escala dos preços está Charles De Ketelaere, novo prodígio belga, de 21 anos, por quem o AC Milan pagou €32 milhões ao Brugge. Mais velho é Giorginio Wijnaldum, o motor de meio-campo neerlandês que vai reforçar a AS Roma de José Mourinho ainda não se sabe por quanto. O treinador está a ficar com uma senhora equipa na capital italiana, mas não com tanta qualidade por metro quadrado de relva como o Sevilha, que por empréstimo foi buscar Alex Telles ao Manchester United - e assim voltou a juntar o brasileiro a Óliver Torres e Jesús Corona, outros antigos jogadores do FC Porto.
Por cá, tudo calmo
O mercado português também vai mexendo, tapam-se vagas, garantem-se peças valiosas ou esperanças, ainda que de forma mais humilde. O FC Porto foi pescar André Franco ao Estoril Praia. O canhoto assinou até 2027 e custou qualquer coisa como 4 milhões por 90% do passe. É um médio criativo com baliza e capacidade de associação com os colegas da frente, não descurando na hora de correr atrás dos outros, algo que Sérgio Conceição muito apreciará.
Não será uma grande aventura dizer que Franco, em termos de conceito, ficará entre a fiabilidade fina de Vitinha e o veneno de Fábio Vieira, os craques da época passada que se transferiram para PSG e Arsenal.

André Franco era o 10 do Estoril
Gualter Fatia
No Dragão viu-se ainda a saída de Tomás Esteves para o Pisa, da segunda divisão italiana, e Agustín Marchesín para o Celta de Vigo, que deverá receber também o já referido Gonçalo Paciência. Em sentido contrário poderá estar Samuel Portugal, o guarda-redes do Portimonense.
Em Alvalade, não há sinais de fumo de Cristiano Ronaldo ou de outro futebolista. No Benfica, a imprensa desportiva vai dando conta de que o acordo por Ricardo Horta está cada vez mais perto, mas por ora nada. Os encarnados começam o campeonato esta noite, no Estádio da Luz, contra o Arouca (20h15, BTv).
O Desportivo de Chaves foi buscar à Grécia um rapaz australiano, internacional sub-17: Emmanuel Palvis. Já o Marítimo recebeu Pablo Moreno, um jovem avançado do Manchester City. No Boavista saiu o defesa central Chidozie Awaziem para o Hajduk Split, o adversário do Vitória de Guimarães na terceira pré-eliminatória da Liga Conferência.
O Famalicão esteve particularmente ativo nesta semana de mercado, com destaque para a contratação de Zaydou Youssouf, um médio que chega do Saint-Étienne, de França, onde fez quase 100 jogos no principal escalão. O médio argentino Santiago Colombatto, que esteve nos últimos Jogos Olímpicos e no Mundial de sub-20 em 2017, chega por empréstimo do Club León. Para compor ainda mais o meio-campo de Rui Pedro Silva chegou Pelé, ex-Monaco.
O Portimonense anunciou esta semana Mohamed Diaby, o médio que estava no Paços de Ferreira e que é irmão de Abou Diaby, que passou pelo Arsenal de Arsène Wenger. Mantendo a toada familiar, o Alverca, do terceiro escalão do futebol português e treinado por Argel, garantiu a contratação de Mohcine Hassan, o filho de Hassan Nader.