A possibilidade de realização de desafios da principal competição europeia nos Estados Unidos da América já fora levantada há alguns anos por Aleksander Ceferin, na altura nomeando Nova Iorque como local apetecível para acolher uma final da Liga dos Campeões. Ora, após algum tempo sem abordar a ideia, o presidente da UEFA voltou a colocar a possibilidade em cima da mesa.
Em entrevista à plataforma “Men in Blazers”, o esloveno diz ser “possível” haver encontros da Champions nos EUA. Ceferin lembra que as próximas três finais da competição já estão atribuídas — 2023 em Istambul, 2024 em Londres e 2025 em Munique —, mas que, depois disso, “vamos ver” o que sucederá.
Outro tema ao qual o líder da entidade máxima do jogo continental voltou foi a possibilidade de criação de um limite salarial no futebol europeu, ao estilo do existente nas ligas norte-americanas. Partindo da premissa de que as atuais normas de controlo financeiro “não são. suficientes”, Ceferin garante ser preciso “pensar seriamente” na questão dos tetos salariais.
“Se os orçamentos crescerem eternamente, teremos de nos preocupar com o equilíbrio competitivo. Tem a ver com o valor do torneio: se cinco clubes ganham sempre, deixa de ter valor. Já falei com gente da Comissão Europeia, estamos a trabalhar nisso. Terá de ser algo coletivo, envolvendo todas as ligas e a UEFA”, comentou o presidente da entidade sediada em Nyon, que revelou que, em conversas exploratórias que já teve, verificou que “toda a gente concorda” com a ideia, desde “clubes pequenos” a “clubes grandes”, passando por emblemas “detidos por Estados” e “bilionários”. “Espero que tenhamos isso o mais rapidamente possível, começámos agora a falar disso”, rematou.
Nyon e Zurique estão a cerca de três horas de carro de distância, mas há muito que o que separa UEFA e FIFA é bem maior do que a distância entre as sedes de ambas as entidades. Ceferin admite que a relação com a FIFA é “complicada”, apesar de estar “melhor” porque a UEFA colocou “linhas vermelhas: não nos toquem a nós, que não vos tocamos a vocês”.
Num discurso sempre hostil em relação ao organismo presidido por Gianni Infantino, o esloveno quis deixar claro que “a UEFA é independente da FIFA”. “Somos, financeiramente, três a quatro vezes maiores que a FIFA e a FIFA sempre teve problemas com a riqueza da UEFA. Nós somos mais futebol, eles são mais política”, opinou Ceferin, que no começo de abril foi reeleito, em Lisboa, para mais quatro anos à frente dos destinos do futebol europeu.
Conselho do futebol pede “clarificações” quanto à mão na bola
O conselho de futebol da UEFA, novo organismo consultivo, teve a sua primeira reunião em Nyon. Constituído por diversas figuras do futebol, como treinadores — entre os quais o selecionador nacional, Roberto Martínez, mas também Rafa Benítez, Fabio Capello, Zinedine Zidane ou Gareth Southgate — ou ex-jogadores, como Luís Figo, Paolo Maldini ou Michael Laudrup, o encontro inaugural teve como tema central algumas recomendações quanto à interpretação de leis do jogo para a próxima temporada.
O conselho de futebol da UEFA, com Luís Figo e Roberto Martínez
Kristian Skeie//UEFA
O principal foco esteve na falta por mão na bola. O conselho de futebol recomendou que a UEFA “clarificasse” os critérios dessa lei, nomeadamente reforçando que não se deve marcar falta quando a bola vem ressaltada do próprio corpo do jogador, particularmente quando não vai na direção da baliza.
A juntar a isto, pede-se que a UEFA sensibilize a International Board, o órgão máximo no que respeita às leis do jogo, para emendar a lei 12, que estipula que um jogador deve ser expulso por negar um golo ou uma oportunidade clara de golo através de falta por mão na bola. Segundo o conselho de futebol, o vermelho só deveria ser mostrado caso acha “intenção deliberada e intencional” de cortar a bola com o braço ou a mão, caso contrário só se deve exibir um cartão amarelo.
O grupo solicitou ainda que a UEFA “encoraje os árbitros” a serem mais duros com o comportamento anti-desportivo, nomeadamente com as “tentativas de enganar o árbitro através da simulação de lesões ou de faltas”.