A chegada de Vítor Pereira ao Rio de Janeiro foi atribulada. A saída do Corinthians arregaçou as mangas da promessa de insatisfação. Depois, as derrotas na Recopa Sudamericana e na Supertaça do Brasil, juntando a vitória do rival Fluminense na Taça Guanabara, fizeram o resto. É penoso ver um treinador na grelha. O desfecho soa a um qualquer capricho temporal, a corda é fina. Devia temer-se até pela saúde mental desta gente. Os comentários dos comentadores ganham corpo, o verbo dá a mão à tensão. Há sempre um ou outro que investe na defesa.
Mas o treinador português, como todos, sabe perfeitamente que o relvado fala mais alto do que qualquer garganta. Na madrugada que passou, o Flamengo ganhou a primeira mão da final do Carioca, o campeonato estadual, uma tradição belíssima naquele país que vê a resistência de alguns que consideram interminável o calendário.
Os golos só apareceram no Maracanã na segunda parte. Ayrton Lucas, aos 51’, e Pedro, o inevitável Pedro, aos 70’, fizeram os golos que anunciam o primeiro título para Vítor Pereira no RJ, um passaporte para começar descansadinho o Brasileirão. Gabriel Barbosa ficou no banco, o que gerou surpresa. Já o Fluminense, treinado por Fernando Diniz, viu um vermelho aos 72’, por Samuel Xavier. David Luiz e Ganso foram titulares no dérbi. Marcelo, o lateral ex-Real Madrid, não saltou do banco do Flu, por isso estará por dias a tão desejada estreia, ou segunda estreia como futebolista das Laranjeiras.
Vítor Pereira foi questionado se já sente aquele friozinho na barriga por estar à beira de uma conquista. A resposta foi desarmante: “Frio na barriga é fome ou problema no intestino”. Pegando no futebol, explicou o momento da equipa: “Estamos mais preparados, naturalmente temos que evoluir. Os jogadores estão alinhados, não só os 11 que iniciaram hoje [sábado], mas toda a gente está alinhada. Passado este período de entendimento do que o treinador quer e o que os jogadores podem dar, vamos continuar a evoluir. Estou satisfeito, não só com os 11, mas com todo o elenco, porque eles têm trabalhado muito e focados”.
Sobre os altos e baixos que se verificam nos jogos, o treinador que foi campeão no FC Porto desmente que se trate de “sofrimento”, mas antes gestão. “Saber gerir os momentos do jogo. Jogar com bola e sem bola. Sabíamos que haveria esse momento em que precisaríamos de gerir, ficar sem bola e saber o momento de acelerar. No primeiro tempo, falhamos por decisões tomadas, o que faz parte. Na segunda parte, já foi gerida de outra forma. Não tem a ver com o sistema, mas com os jogadores que interpretam, com as características dos jogadores que estão em campo”, explicou.
O “Globo Esporte” noticiou que dois adeptos do Fluminense foram atingidos a tiro nas imediações do Maracanã, onde foi disputada a primeira mão da final do campeonato estadual. Um deles morreu no local e o outro está hospitalizado.
De acordo com a publicação brasileira, o atirador, detido pelas autoridades e encaminhado para uma delegacia na Tijuca, admitiu que houve uma discussão num bar em que supostamente não estava envolvido até ser atingido por uma garrafa.
A segunda mão da final do Carioca joga-se no próximo domingo, no Maracanã. Antes disso, os gigantes do Rio de Janeiro entram em ação na Libertadores.