Quinze internacionais espanholas renunciaram à seleção de futebol, depois de verem goradas as expectativas de que o selecionador Jorge Vilda fosse despedido. A Real Federação Espanhola de Futebol assume ter recebido 15 emails, todos com o mesmo texto, anunciando que, caso não haja uma reversão da situação, as abaixo-assinadas não continuarão a representar la roja. “Todos os emails (…) manifestam que a atual situação afeta o estado emocional e a saúde [das jogadoras]”, diz a RFEF.
Os emails mencionados foram enviados apenas três semanas depois de se ter dado início a uma crise entre Jorge Vilda, o selecionador, e as jogadoras. Algumas jogadoras, como Paredes, Guijarro e Putellas – a quem se juntou Hermoso, outra das capitãs – anteciparam-se às colegas e deram a cara pelo plantel. As três, protagonistas da equipa feminina do reino, expressaram diretamente ao técnico a sua discordância em relação a fatores como os métodos de treino e a gestão do grupo.
Então, as porta-vozes da rebelião pediram a Luis Rubiales, presidente da federação, que despedisse Vilda, mas também Rafael del Amo, presidente do comité de futebol feminino. O apoio de Rubiales deu a Jorge Vilda a motivação para recusar demitir-se. “O que se passa no balneário, resolve-se no balneário. Tenho mais força do que nunca para continuar”, disse o selecionador nessa altura. Pelo meio, três das quatro porta-vozes – Putellas não se pronunciou – chegaram a dizer que tinham divergências com o técnico, mas não tinham pedido a sua demissão, anuncia o jornal “El Pais”.
Em comunicado, após a receção dos 15 emails, a Real Federação Espanhola publicou, esta quinta-feira à noite, um comunicado em que assegura que não vai permitir que as selecionadas questionem a continuidade do treinador e da sua equipa técnica. Esta quinta-feira, a RFEF voltou a mostrar o seu apoio a Vilda: “Tomar estas decisões [sobre a continuidade do técnico] não faz parte das competências das jogadoras. A federação não vai admitir nenhum tipo de pressão. (…) Este tipo de manobras (…) está fora dos valores do futebol e do desporto. São nocivas”.
O organismo condena a recusa das futebolistas em representar a equipa nacional e lembra que essa atitude é considerada “uma infração muito grave e pode acarretar sanções de entre dois a cinco anos de afastamento”. No entanto, logo a seguir, a federação diz que não segue o exemplo das atletas em questão e que, portanto, não irá proceder legalmente contra elas. A terminar, a RFEF diz que se trata de uma “questão de dignidade” e que “a seleção é inegociável”.