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Futebol feminino

Diana Silva, o remédio santo do apuramento para o Euro, até a jogar futebol é muito educada

Diana Silva, o remédio santo do apuramento para o Euro, até a jogar futebol é muito educada
Thomas Eisenhuth

Quando jogava em Albergaria, saía do treino às 23h, muitas vezes sem tomar banho, para regressar de comboio a Coimbra, onde frequentava o curso de Ciências Farmacêuticas. Diana “ainda pertence àquele grupo de jogadoras que pagava para jogar” antes do profissionalismo chegar ao futebol feminino. Para Diana Silva, depois de muito esforço, não só vieram as condições, como também os resultados. Aos 29 anos, foi protagonista dos dois golos contra a Chéquia que apuraram Portugal para o terceiro Europeu consecutivo

Uma jogadora anónima, numa equipa anónima, num campeonato anónimo. Em 2013, uma tal Diana Silva outorgava o título nacional ao Ouriense. Os arquivos do YouTube recordam o momento do golo contra o Albergaria, na penúltima jornada, com um vídeo de definição semelhante à de uma nuvem, aparentemente filmado sob efeito da turbulência, em que o cameraman se vai recreando com esse estrondoso avanço tecnológico chamado zoom.

Naquela altura era “metam a bola na frente que a Diana resolve”. A fezada de Tita, pseudónimo futebolístico de Ana Filipa Lopes, é a de quem viu várias vezes a colega do Ouriense solucionar problemas dando uso ao gene da preponderância. “Passado este tempo, acaba também por ser decisiva no apuramento para o Europeu e fico muito feliz que continue a dar-nos estas alegrias.”

Onze movimentos de translação depois, merece um bem-haja quem aprimorou a qualidade das câmaras para que todos pudéssemos ver, com nitidez e em direto, o Chéquia-Portugal em que a seleção nacional se qualificou para o Euro 2025. É que o futebol feminino também se modernizou, não apenas o equipamento de filmagem. Isso e Diana Silva tornou-se a Diana Silva, aquela que continua a resolver jogos, mas agora com toda a gente a ver.

Em Teplice, foi-lhe entregue um cruzamento que parecia nunca ter desejado explorar outros rumos. Diana desfez-se rápido da encomenda, acomodando a bola na baliza da Chéquia. O apuramento para o Euro 2025 estava preso no controlo alfandegário. Segundo o cronómetro, com o resultado em 2-1, não deveria demorar mais do que um quarto de hora até que a seleção nacional fosse livre de rumar à Suíça.

Diana Silva marcou os dois golos, etiquetados pela própria como “super importantes”, que levaram Portugal até ao terceiro Europeu consecutivo. Na Chéquia, a equipa de Francisco Neto venceu a congénere na segunda mão do último play-off (3-2, no agregado) da competição que se vai realizar em solo helvético em julho do próximo ano.

A atacante do Sporting foi remédio santo para a qualificação e lá de comprimidos percebe ela. No “ADN de Leão”, o podcast do clube leonino, foi divulgada a nota de 18 valores que recebeu a tese defendida para que a jogadora se tornasse mestre em Ciências Farmacêuticas. “O que faço, tento fazer com a máxima qualidade”, referiu Diana Silva que dividiu o curso entre Coimbra e Lisboa, para onde se mudou quando foi transferida para o clube verde e branco.

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