Uma jogadora anónima, numa equipa anónima, num campeonato anónimo. Em 2013, uma tal Diana Silva outorgava o título nacional ao Ouriense. Os arquivos do YouTube recordam o momento do golo contra o Albergaria, na penúltima jornada, com um vídeo de definição semelhante à de uma nuvem, aparentemente filmado sob efeito da turbulência, em que o cameraman se vai recreando com esse estrondoso avanço tecnológico chamado zoom.
Naquela altura era “metam a bola na frente que a Diana resolve”. A fezada de Tita, pseudónimo futebolístico de Ana Filipa Lopes, é a de quem viu várias vezes a colega do Ouriense solucionar problemas dando uso ao gene da preponderância. “Passado este tempo, acaba também por ser decisiva no apuramento para o Europeu e fico muito feliz que continue a dar-nos estas alegrias.”
Onze movimentos de translação depois, merece um bem-haja quem aprimorou a qualidade das câmaras para que todos pudéssemos ver, com nitidez e em direto, o Chéquia-Portugal em que a seleção nacional se qualificou para o Euro 2025. É que o futebol feminino também se modernizou, não apenas o equipamento de filmagem. Isso e Diana Silva tornou-se a Diana Silva, aquela que continua a resolver jogos, mas agora com toda a gente a ver.
Em Teplice, foi-lhe entregue um cruzamento que parecia nunca ter desejado explorar outros rumos. Diana desfez-se rápido da encomenda, acomodando a bola na baliza da Chéquia. O apuramento para o Euro 2025 estava preso no controlo alfandegário. Segundo o cronómetro, com o resultado em 2-1, não deveria demorar mais do que um quarto de hora até que a seleção nacional fosse livre de rumar à Suíça.
Diana Silva marcou os dois golos, etiquetados pela própria como “super importantes”, que levaram Portugal até ao terceiro Europeu consecutivo. Na Chéquia, a equipa de Francisco Neto venceu a congénere na segunda mão do último play-off (3-2, no agregado) da competição que se vai realizar em solo helvético em julho do próximo ano.
A atacante do Sporting foi remédio santo para a qualificação e lá de comprimidos percebe ela. No “ADN de Leão”, o podcast do clube leonino, foi divulgada a nota de 18 valores que recebeu a tese defendida para que a jogadora se tornasse mestre em Ciências Farmacêuticas. “O que faço, tento fazer com a máxima qualidade”, referiu Diana Silva que dividiu o curso entre Coimbra e Lisboa, para onde se mudou quando foi transferida para o clube verde e branco.
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