A profissionalização do futebol feminino trouxe consigo muitas mudanças na liga espanhola, sendo que a mais recente surpreendeu clubes e jogadoras. E não foi uma boa surpresa. De forma inesperada, pelo menos para muitos dos emblemas, foi aumentado o montante das advertências recebidas nos jogos da Liga F. Os cartões amarelos passaram de €4 para 180 euros e os vermelhos de €9 para 350 euros, os mesmos valores cobrados na primeira divisão masculina.
A Federação Espanhola de Futebol decidiu, assim, aplicar o que já estava escrito no Código Disciplinar em relação à La Liga: “Nas competições profissionais, a sanção de advertência aos diretores, jogadores, treinadores e assistentes acarretará, para o clube em questão, uma multa adicional de 180 euros no caso de equipas da Primeira Divisão, e de 90 euros no caso de equipas da Segunda Divisão. A suspensão implica uma multa de 350 euros no caso de equipas da Primeira Divisão e 200 euros no caso de equipas da Segunda Divisão, por cada jogo ou mês abrangido”.
A alteração surpreendeu os clubes da nova liga, que ficam, assim, com os seus orçamentos em risco. Segundo dados divulgados pelo jornal “Marca”, nos 240 jogos disputados no ano passado, foram mostrados 721 cartões amarelos e 26 cartões vermelhos, o que corresponderia a um total de 138.880 euros. Um clube como o Real Betis, aquele que no ano passado recebeu mais cartões amarelos (82) e seis cartões vermelhos, teria de pagar um total de 16.860 euros.
Mas segundo o mesmo artigo, do mesmo Código Disciplinar, fica claro que essas multas podem ser ainda mais elevadas, chegando a um valor máximo de 600 euros. Na primeira jornada de La Liga F foram mostrados 17 cartões amarelos e um cartão vermelho, à portuguesa Diana Gomes, do Sevilla, e que resultou numa multa no valor máximo.
A controvérsia em relação a estes valores é grande porque além das equipas, serão as próprias jogadoras que terão de pagar uma quantia significativa de dinheiro por verem cartões durante os jogos da Liga F. Jogadoras essas que recebem um salário mínimo anual de 16 mil euros, em contraste com os 155 mil euros da liga masculina.
Tudo isto acontece apenas uma semana depois do final da greve das árbitras, que impediu o início da Liga F no fim de semana marcado e que resultou num aumento dos salários dessas profissionais. As árbitras passam a receber mais do que as próprias jogadoras (25 mil euros anuais) e agora as contas dos clubes e das atletas sofrem um novo golpe.
Este é um novo capítulo num conflito que coloca a Liga F de um lado e a federação do outro. Pelo menos é assim que as jogadoras olham para esta situação.
“Isto é um bocadinho uma disputa entre liga e federação. Tanto é assim que a Copa de la Reina já iniciou, com as equipas da segunda divisão, à exceção de duas equipas que estão na primeira divisão neste momento porque subiram, mas que estão nesta primeira fase da Copa. Os dois jogos que tinham equipas da primeira divisão não aconteceram porque não tiveram árbitros. Claramente há um desacordo”, disse Matilde Fidalgo à Tribuna Expresso na altura em que as árbitras estavam em greve.