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Futebol feminino

A nova Liga F parada por uma greve: “É muito complicado haver jogadoras a receber €16 mil e a exigência das árbitras ser €50 mil”

Quando já tinha tudo para dar certo, não deu. Depois de uma longa luta, o futebol feminino espanhol conquistou a profissionalização, mas não foi por isso que os problemas desapareceram. A nova Liga F deveria ter começado no fim de semana passado, mas uma greve das árbitras, em busca de melhores salários, impediu o regresso aos relvados. A jogadora portuguesa Matilde Fidalgo falou com a Tribuna Expresso e explicou a real dimensão do problema, na ótica das futebolistas

Rita Meireles

NurPhoto

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Depois de uma série de atrasos, a profissionalização da liga de futebol feminino espanhola foi anunciada em março deste ano. A tão esperada notícia chegou com a esperança de que o panorama iria melhorar, num campeonato que, também na época passada, ficou marcado por várias situações negativas, como as condições (ou falta delas) que o Rayo Vallecano oferecia às suas jogadoras.

Obedecendo ao clássico “era bom demais para ser verdade”, no fim de semana em que as jogadoras iriam entrar em campo para a primeira jornada do campeonato, as árbitras decidiram fazer uma greve que impediu a realização dos jogos da tão esperada Liga F. Em causa está o estatuto profissional e pagamento em conformidade com a liga masculina.

“Toda a gente concorda que as árbitras devem querer ser profissionais, mas não desta forma. Acho que mancha um bocadinho a liga espanhola que é uma boa liga, que tem bons clubes, que tem feito um bom trabalho, tem investido. Qualidade já existia, este ano que as coisas iam ser profissionais, começamos com o pé esquerdo. Fico triste que essa seja a primeira notícia que se possa dar da Liga F”, diz a portuguesa Matilde Fidalgo, jogadora do Real Betis, à Tribuna Expresso.

Ao anunciarem a greve na passada quinta-feira, as árbitras e as árbitras assistentes disseram que a liga não tinha abordado as suas preocupações e que não marcariam presença em nenhum jogo da principal divisão espanhola "nas atuais condições de trabalho e económicas".

"As árbitras querem prestar o melhor serviço possível ao futebol e isso significa necessariamente ter condições mínimas de trabalho comparáveis às estabelecidas na arbitragem da competição profissional masculina", lê-se na declaração pública.

Essa exigência é um dos pontos que tem levado a mais críticas. “Falar dos salários deles não é o caminho”, escreveu a jornalista Sandra Riquelme no Twitter. “Na minha opinião, uma das grandes lutas do futebol feminino ao longo de todos estes anos tem sido evitar a comparação entre mulheres e homens. Negar, ativa e passivamente, o 'querem receber o mesmo que eles'”, lê-se.

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