Depois de uma série de atrasos, a profissionalização da liga de futebol feminino espanhola foi anunciada em março deste ano. A tão esperada notícia chegou com a esperança de que o panorama iria melhorar, num campeonato que, também na época passada, ficou marcado por várias situações negativas, como as condições (ou falta delas) que o Rayo Vallecano oferecia às suas jogadoras.
Obedecendo ao clássico “era bom demais para ser verdade”, no fim de semana em que as jogadoras iriam entrar em campo para a primeira jornada do campeonato, as árbitras decidiram fazer uma greve que impediu a realização dos jogos da tão esperada Liga F. Em causa está o estatuto profissional e pagamento em conformidade com a liga masculina.
“Toda a gente concorda que as árbitras devem querer ser profissionais, mas não desta forma. Acho que mancha um bocadinho a liga espanhola que é uma boa liga, que tem bons clubes, que tem feito um bom trabalho, tem investido. Qualidade já existia, este ano que as coisas iam ser profissionais, começamos com o pé esquerdo. Fico triste que essa seja a primeira notícia que se possa dar da Liga F”, diz a portuguesa Matilde Fidalgo, jogadora do Real Betis, à Tribuna Expresso.
Ao anunciarem a greve na passada quinta-feira, as árbitras e as árbitras assistentes disseram que a liga não tinha abordado as suas preocupações e que não marcariam presença em nenhum jogo da principal divisão espanhola "nas atuais condições de trabalho e económicas".
"As árbitras querem prestar o melhor serviço possível ao futebol e isso significa necessariamente ter condições mínimas de trabalho comparáveis às estabelecidas na arbitragem da competição profissional masculina", lê-se na declaração pública.
Essa exigência é um dos pontos que tem levado a mais críticas. “Falar dos salários deles não é o caminho”, escreveu a jornalista Sandra Riquelme no Twitter. “Na minha opinião, uma das grandes lutas do futebol feminino ao longo de todos estes anos tem sido evitar a comparação entre mulheres e homens. Negar, ativa e passivamente, o 'querem receber o mesmo que eles'”, lê-se.