A Tapadinha já acumulava pó em cima destes costumes. Eram muitos os anos contados desde que uma equipa sénior do Atlético, no alto de uma das colinas de Lisboa, recebia um dos rivais futebolísticos da capital. João Caldeira, um dos vice-presidentes, empolgou-se, foi ao estádio ver o dérbi feminino contra o Sporting e esperava ver reciprocidade nas bancadas, mesmo sendo um jogo ao domingo de manhã. No final, perguntou “à senhora administrativa” do clube quantos bilhetes de sócio tinham sido vendidos: apenas um, respondeu-lhe. Ou seja, o dele. O resultado ficou nos 0-4, “o que tem até nem foi expressivo”.
Parte da explicação para a relativização do dirigente e o vazio de gente nas bancadas terá vindo da semana anterior: o Atlético, também em modo anfitrião, fora goleado pelo Benfica, 0-13, sofrendo então 17 golos em duas jornadas (a 5.ª e a 6.ª) da edição passada da Liga BPI. Acabaria a série sul da fase regular do campeonato feminino no último lugar, com um ponto e apenas dois golos marcados em sete jogos, a fazer pela vida que, na ronda para aferir quem seria despromovido ou garantiria a manutenção, retumbaria o clube de novo para o sopé da tabela. A queda para a II divisão precipitou um fim: “Acabámos com a equipa, as jogadoras ficaram revoltadíssimas, mas os sócios, tranquilos e serenos, não se chatearam muito”.