Manchester tinha recebido o dia 6 de julho desconfiada, com o habitual céu cinzento a dar um toque de dúvida ao ambiente, marcado pela ameaça constante da chuva que, por aqui, é visita tão comum que, quando aparece, é quase ignorada pela maioria dos transeuntes. Ao final da tarde, quando pouco passam das 19h00, a água começa a cair do céu com mais intensidade, como que fiel aos estereótipos, querendo abençoar a competição que arrancaria às oito da noite.
No dia do pontapé de saída do Europeu feminino mais aguardado de sempre, os arredores de Old Trafford — estádio desde abril esgotado para o Inglaterra-Áustria que marca o arranque do torneio — vão, progressivamente, ganhando forma de local que se cruzará com a história. Bem cedo já há vendedores de cachecóis feitos para a ocasião, de merchandising mais ou menos oficial, de comes e bebes, tudo ladeado de muitos adeptos ingleses, mas também austríacos, espanhóis ou até japoneses e canadianos. Se o começo da tarde é promissor, as duas horas anteriores ao apito inicial não deixam dúvidas: Old Trafford é palco de uma romaria para assistir à partida de futebol mais aguardado do verão até ao momento.
Numa das ruas que leva à imponente casa do Manchester United, uma família está sentada no chão a comer os clássicos cachorros quentes que por aqui levam à formação de longas filas nos diferentes pontos de venda em redor do estádio. O cheiro a fast food entra pelas narinas dentro, nem que seja porque o chão vai ficando repleto de despojos das refeições, em forma de molhos que escaparam à língua ou batatas fritas que caíram. É nesse chão, já com chuva miudinha a marcar presença, que um pai, uma mãe, um filho e uma filha comem antes de entrarem em Old Trafford.