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Acabaram as férias, Fórmula 1: faltam nove corridas para a Mercedes se resolver, diferenças se encurtarem e o futuro dos pilotos se decidir

Faltam nove corridas para o final do mundial de Fórmula 1, mas ainda há muito para ver. Terminada a pausa de verão, a categoria-rainha regressa com novas regras, velhas disputas, muita coisa por decidir e uma grande dose de perguntas por responder

Rita Meireles

JURE MAKOVEC/Getty

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A primeira parte do mundial de Fórmula 1 teve direito a muito, mas não é por isso que a segunda deixa de ser necessária. Depois dos regressos, das mudanças, dos novos e antigos circuitos, das surpresas nas vitórias e, principalmente, nas derrotas, do novo regulamento e das regras que foram surgindo, existem ainda vários motivos para continuar a assistir. A pausa de verão colocou as corridas na garagem, embora nem por isso a modalidade tenha perdido velocidade.

Aguardada com mais expetativa é, sem dúvida, a decisão do título. A Fórmula 1 regressa no Grande Prémio da Bélgica, no este fim de semana, que marca o início de uma segunda parte com nove corridas em 12 semanas que irão decidir o Campeonato do Mundo de 2022.

Max Verstappen, em primeiro lugar, começa com duas corridas em lugares que considera como casa, na Bélica e nos Países Baixos. O piloto da Red Bull tem uma vantagem de 80 pontos em relação àquele que parece ser o seu único rival este ano, Charles Leclerc da Ferrari. Nem sempre se esperou que a diferença fosse tão grande, mas, enquanto a escuderia italiana conseguiu transformar sete pole positions de Leclerc em apenas três vitórias, o registo da Verstappen é um inverso quase exato, com oito vitórias em apenas três poles.

A liderança do neerlandês é tal que Leclerc poderia ganhar todas as corridas até ao final e reclamar os pontos da volta mais rápida e, mesmo assim, não ganhar o título caso Verstappen seja segundo em cada uma delas. Ainda assim, é impossível saber como estará a classificação no final: Verstappen também teve uma boa vantagem no ano passado e acabou por chegar à última corrida empatado com Lewis Hamilton.

Bryn Lennon - Formula 1/Getty

Por decidir está também o campeonato de construtores. Já estava tudo a pensar no mesmo, o tão esperado por muitos regresso da Ferrari ao topo da categoria-rainha, mas uma série de erros por parte da equipa tornaram as coisas bastante difíceis. Neste momento, a Red Bull está confortavelmente na primeira posição, com 431 pontos, em segundo está a Ferrari (334 pontos) e em terceiro a Mercedes (304). Mesmo tendo em conta os primeiros resultados de ambas as equipas, é possível que a luta principal seja pelo segundo lugar.

Apesar de ter terminado a primeira parte da época de uma forma mais positiva, este tem sido a temporada menos competitiva da Mercedes nos últimos 10 anos. A equipa regressa otimista de que pode ficar mais próxima dos carros da frente depois das alterações que fez no carro e da mudança nas regras que entra em vigor no próximo fim de semana, para resolver o tão falado problema do porpoising.

O que leva a outra questão: Hamilton está em risco de perder o seu recorde de vencer, pelo menos, uma corrida em cada época da sua carreira. Poderá esta mudança ajudá-lo a manter o registo? O piloto britânico terminou no pódio seis vezes este ano, sempre em terceiro ou segundo. Quando a primeira parte da época terminou vinha de dois segundos lugares consecutivos, o salto para o primeiro parece estar nas mãos da sua equipa.

Decisões para 2023

Nos próximos meses ficarão também decididos vários pontos importantes para o Mundial de 2023. O primeiro, e que mais tem dado que falar, é os nomes dos pilotos que vão integrar a grelha. Apenas quatro equipas têm duplas confirmadas: Red Bull, Ferrari, Mercedes e Aston Martin, sendo que a última recebe Fernando Alonso para o lugar que Sebastian Vettel deixa vago.

No lugar de Alonso ficaria Oscar Piastri, atual campeão de Fórmula 2, mas o piloto recusou e parece estar mais próximo da McLaren, que já rescindiu contrato com Daniel Ricciardo.

A partir daqui, as perguntas, ainda sem resposta, são muitas: Ricciardo vai regressar à Alpine, que representou enquanto Renault? Vai deixar a Fórmula 1? Ou a equipa francesa vai antes buscar Mick Schumacher, que ainda não renovou com a Haas? O rookie Guanyu Zhou vai continuar na Alfa Romeo? Quem se junta a Alex Albon, que já renovou, na Williams? Pierre Gasly já foi confirmado pela Alpha Tauri, mas será que Yuki Tsunoda continua ao seu lado, até pela sua ligação à Honda?

E, no meio disto tudo, a Alpine vai avançar para tribunal para tentar manter Piastri na equipa e complicar as contas da McLaren? Ainda há muito por resolver e os próximos tempos vão dar que falar.

Clive Mason - Formula 1

Sem pilotos não há campeonato, mas sem circuitos também não. E o calendário para 2023 só vai ficar fechado ao longo da segunda parte do Mundial deste ano, entre o final de setembro e o início de outubro.

Uma nova corrida em Las Vegas já foi confirmada, assim como foi se ficou a saber que França não vai integrar o próximo calendário. O regresso à África do Sul é uma hipótese, mas ainda não é certo se é para 2023 ou 2024. Há também incerteza em torno do regresso da China, que não recebe uma corrida desde 2019 devido às restrições por causa da pandemia. O Catar vai voltar depois de um ano de interrupção para o Campeonato do Mundo de futebol.

Mas a grande dúvida, e que tem gerado muita discussão, é o Grande Prémio da Bélgica. Se sai ou não do calendário já é uma conversa antiga, mas ao que parece tudo depende do acordo com a África do Sul. A possível saída de Spa levou vários adeptos a defender que os circuitos mais históricos da Europa não deveriam ficar pelo caminho.