"Quem teria acreditado nisto quando acordámos esta manhã?". A pergunta, uma das primeiras reações de Max Verstappen depois de ter terminado em primeiro o GP Hungria, reflete bem o espanto com o desfecho da corrida, não por termos visto um vencedor incomum, mas porque a Red Bull vinha de dias complicados, que levaram o neerlandês a partir de 10.º e Sergio Pérez a arrancar um lugar atrás do campeão do mundo.
No entanto, a arte de Max conjugada com o desastre da Ferrari abriram as portas para um desfecho que cria uma margem ainda maior na luta por um Mundial que, mais uma vez, parece destinado a ir para os Países Baixos.
A vitória de Verstappen, escalando nove posições na grelha, foi a primeira do neerlandês na Hungria e deixa-o com 258 pontos no campeonato, mais 80 do que Charles Leclerc. Com Lewis Hamilton a terminar em segundo e George Russell em terceiro, a Mercedes voltou a demonstrar competitividade, ao contrário da Ferrari, que se perdeu entre estratégias confusas e, com Sainz em quarto e Leclerc em sexto, passou da esperança de aproveitar Hungaroring para diminuir diferenças no Mundial para vê-las aumentar para níveis que, cada vez mais, parecem impossíveis de anular.
No arranque da corrida, Russell, partindo da pole, conseguiu manter a liderança. Na volta 14, Verstappen queixou-se pelo rádio das condições do seu carro, recordando o que havia dito na qualificação, quando atirou que "nada funcionava" no Red Bull. Quando Russell parou pela primeira vez, os dois Ferraris passaram-no, voltando depois o britânico para a liderança.
Num dos melhores momentos da corrida, Leclerc assumiu a liderança na volta 31 numa fantástica ultrapassagem sobre o homem da Mereces, travando mais tarde na primeira curva. Começou depois a luta entre o monegasco e Max, que até fez um pião.
No entanto, na segunda parte da corrida, a Ferrari ordenou que Leclerc parasse para substituir os pneus médios por duros. A aposta não funcionou, o andamento do monegasco ressentiu-se e na volta 55 Charles fez mesmo uma terceira paragem para colocar pneus macios — foi o único homem entre os 15 primeiros a parar três vezes.
As voltas à estratégia da Ferrari nos pneus foram fatais para a escuderia e, no final da corrida, um desiludido Charles Leclerc manifestou o seu desagrado. "Os pneus médios estavam bons, mas os duros foram os piores que jamais conduzi. Não eram os pneus certos. Fui muito assertivo na rádio para manter os médios, temos de falar com a equipa para entender as razões da mudança. Tenho de saber o que fizemos. Tínhamos andamento para vencer, mas agora é tempo para entender o que devemos melhorar", disse o monegasco.
Leclerc não mais andou ao nível dos melhores, acabando em sexto, dois lugares atrás do seu companheiro. Sainz foi mais prudente que o monegasco, dizendo que era preciso analisar "calma e pausadamente" o que sucedeu. Ainda assim, o espanhol disse que "é claro que algo não estava bem com o carro e com os pneus", passando a Ferrari de "ter meio segundo de vantagem na sexta com calor a ter meio segundo de desvantagem no domingo com frio".
Dan Istitene - Formula 1/Getty
Vendo a bandeira de xadrez já debaixo de chuva, Verstappen não tremeu e venceu mais uma vez, ganhando pela oitava ocasião em 2022. O neerlandês considerou que a Red Bull teve "uma muito boa estratégia", optando por "parar nos momentos decisivos". "Foi uma corrida louca e estou muito feliz que tenhamos vencido".
Já Lewis Hamilton, depois de um difícil arranque de temporada, acabou no pódio pela quinta vez seguida. "É uma boa forma de ir para a paragem", frisou o britânico.
A Fórmula 1 entra agora na pausa de verão. Os grandes prémios voltam no fim-de-semana de 28 de agosto, no GP Bélgica. Veremos se com novas fórmulas da concorrência para travar o domínio de Max Verstappen.