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“Aqueles homenzinhos de bigode”

O escritor leva-nos até 1984 no Dejà Vu desta semana: “Reinavam a desorganização e o amadorismo e a Federação Portuguesa de Futebol não se distinguia dos grupos de excursionistas que, aos fins de semana, iam ver as amendoeiras em flor e os tapetes de Arraiolos. Se se distinguia, era para pior.”

Bruno Vieira Amaral

Michel Barrault/Getty

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Em 1984, a Revolução dos Cravos tinha dez aninhos, víamos o mundo através de dois canais públicos e nunca tínhamos posto os pés (ou os bigodes) num Campeonato da Europa de Futebol. À exceção do cometa de 1966 e dos ocasionais brilharetes dos clubes nas competições europeias, o nosso futebol era uma coisinha doméstica que se dava mal com os ares de fora. Havia talento com fartura — de Eurico a Fernando Chalana, de Bento a Jordão, de Sousa a Diamantino — mas poucas condições para o potenciar.

Reinavam a desorganização e o amadorismo e a Federação Portuguesa de Futebol não se distinguia dos grupos de excursionistas que, aos fins de semana, iam ver as amendoeiras em flor e os tapetes de Arraiolos. Se se distinguia, era para pior. Além disso, estava em curso no futebol português a guerra civil que opunha o Norte ao Sul, os azuis aos vermelhos, um conflito imaginário gizado pelo génio estratégico de Jorge Nuno Pinto da Costa e José Maria Pedroto e que dura até hoje, em registo de baixa intensidade. Naquela época, a guerra era de trincheiras e a Seleção Nacional, com nove convocados do Porto e oito do Benfica, polvilhada com um do Sporting, um do Portimonense e outro do Vitória de Setúbal, era o palco. O selecionador Fernando Cabrita precisou de reforços para serenar os ânimos e unir tanto quanto possível um grupo partido em dois.

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