Lembra-se da primeira vez que enfrentou Pelé?
Acho que foi a decisão da Taça Brasil de 1966, quando o Cruzeiro ganhou os dois jogos, 6 a 2 em Belo Horizonte e 3 a 2 em São Paulo. No mesmo ano eu já havia jogado ao lado dele no Mundial. Não como titular, mas em treinamentos estávamos juntos. Joguei amigáveis com o Pelé antes da competição. No Mundial, joguei apenas no lugar dele quando ele se machucou. Quando voltou, voltei para a reserva [Pelé lesiona-se na estreia brasileira diante da Bulgária e volta a jogar no terceiro jogo, contra Portugal].
E como era o clima no balneário, a saber que enfrentariam pela primeira vez a equipa mais famosa do mundo naquele momento?
O clima era ao mesmo tempo de euforia por estar disputando uma final de Taça Brasil diante do Santos, a maior equipa do mundo. Havia um entusiasmo, uma sensação de prazer muito grande, mas ao mesmo tempo apreensão. Muita gente achava que o Santos ia ganhar de goleada, o que era comum mesmo contra adversários de alto nível. Havia um temor: “Será que o Cruzeiro vai aguentar o Santos?”. Mas, ao mesmo tempo, a sensação era que a nossa equipa era boa demais. Era muito jovem, e uma coisa preponderante no jogo que a gente já percebia antes era nas nossas conversas era que a nossa equipa era de garotos que corriam muito [Piazza, Dirceu Lopes e Tostão, os três principais jogadores do Cruzeiro, tinham 23, 20 e 19 anos, respetivamente], enquanto o Santos jogava de forma mais cadenciada. Começamos então já correndo demais e com isso surpreendemos o Santos.