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Crónica

Ave, António Silva, cheio de personalidade

Bruno Vieira Amaral fala sobre António Silva, que se afirmou como titular do Benfica aos 18 anos no eixo da defesa, naquela posição onde o jogador se quer “feio e com personalidade”, à imagem de Rúben Dias

Bruno Vieira Amaral

Carlos Rodrigues

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Talvez se lembrem de uma canção dos anos 90 que dizia isto: “They call you Mr. Personality because you’re so ugly.” O que, se atentarmos bem, é uma das grandes inclinações da existência humana. Tentar compensar a falta de beleza ou talento naturais com doses excessivas de personalidade é um mecanismo básico de defesa. Mas no futebol é mesmo importante. A personalidade. Sobretudo quando se trata de um defesa-central. Arrisco dizer que um central se quer feio e com personalidade. Veja-se o caso de Rúben Dias. Há dias o jogador deu uma entrevista ao jornal “Record” que é um tratado de “personalidade”. E de hiper-profissionalismo. Mas já lá vou.

Se bem se lembram, aqui há uns anos muita gente dizia que Ferro é que era, que Rúben Dias era um australopiteco em comparação com a elegância e a sofisticação do seu companheiro de defesa. Mas Ferro tinha qualquer coisa de febril, de melancólico, como um tuberculoso nos livros de Jane Austen (por acaso não sei se há tuberculosos nos livros de Jane Austen mas lembrei-me de uma personagem feminina que bate com a cabeça no chão e depois fica meio alterada, sorumbática, e Ferro sempre me pareceu esse defesa espectral, convalescente).

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