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Crónica de Jogo

E a aranha picou

E a aranha picou
Richard Sellers

Com as contas do grupo num desvario e precipício aluciantes durante 90 minutos, o 2-0 da Argentina à Polónia, com golos de Mac Allister e Julián Álvarez, meteu as duas seleções nos oitavos de final. Leo Messi falhou um penálti

E a aranha picou

Hugo Tavares da Silva

enviado ao Mundial 2022

Tinha uma camisa preta impecável, com ananases e outras coisas certamente, e um lenço cor de rosa ao pescoço. Sem computador e tentando ligar o cabo da internet ao telefone como se fosse um carregador, cedo denunciou que era um forasteiro na tribuna de imprensa. Ia cantando com os adeptos que tinham outra morada fiscal. “Para ser campeón, hoy hay que ganar”, cantarolava também investindo num concerto a solo, baixinho. “Anda Argentina, carajo!”. Não largava o telemóvel e falava sozinho. "Que baile da Argentina!”, dizia para o ar. De perfil, tinha qualquer coisa de Ricardo Darín, mais magrinho talvez e com o cabelo pintado à don Ravanelli.

“Que buena pelota, anda Julián!”, cuspia. Quando já sabia de onde era o jornalista e depois de Enzo encantar com uma assistência primorosa dada com um açoite manso, disse: “Quando tempo fica em Portugal, hein?”. Ou seja, estava a dizer que não ficaria muito. “Real Madrid”, vaticinou. “Se o México marca, passa o México”, solta para ninguém. “Esta equipa [Polónia] é muito fraca, foi um baile”, exaltava. Depois, já com uma camisola e depois dos comprimidos tomados, quem sabe será mais uma vítima dos ares condicionados e do frio que trágica e ironicamente faz por cá, desapareceu. Em silêncio, foi embora com a barriga cheia, mas deixou um importante arquivo sobre a parte imortal do argentino.

A scaloneta voltou a mudar de tripulação. Nahuel Molina, Cristián Romero, Enzo Fernández e Julián Álvarez entraram a bordo do sonho. O médio do Benfica repete o recorde do jogo com o México, com uma ligeira variante: em vez de ser o futebolista argentino mais novo a marcar um golo num Mundial desde Lionel Messi, em 2006, tornou-se agora no titular mais jovem desta seleção desde Leo, em 2006. Enzo, que jogou numa função mais posicional esta noite, tem 21 anos e 317 dias.

Rapidamente se percebeu o plano polaco: defender, defender, defender. As linhas ficavam juntas, a ideia era não deixar ninguém jogar entre os defesas e os médios. Depois, bolas longas para Robert Lewandowski eventualmente inventar um lance. Ou pelo menos segurar a bola. Nicolás Otamendi, com quem teve alguns duelos, voltou a fazer uma exibição de alto gabarito.

Catherine Ivill

A primeira parte dos sul-americanos até foi interessante, tiveram mais ideias com a bola. Álvarez, o génio do movimento curto do Manchester City, teve duas oportunidades para se agarrar ao posto de nueve, o número que leva nas costas. O primeiro remate foi bloqueado por um defesa polaco e a seguir, após arrancada do bom do Alexis Mac Allister, permitiu a Wojciech Szczęsny inaugurar uma daquelas exibições de Campeonato do Mundo especiais.

Alguns minutos depois, após se livrar de um golo de canto direto de Ángel di María, o guarda-redes da Juventus pediu chuva. Bem, isto assumindo que o VAR teve razão e assinalou corretamente o penálti, penalizando um encosto em Messi, que já havia descoberto o desafinado Acuña com três passes por cima da defesa rival. O camiseta 10 da Argentina bateu a bola para o lado esquerdo e o braço de Szczęsny perseguiu-a como se fosse a sombra. Garantia-se assim a manutenção de um esquema defensivo e filho do bocejo. “Meeessi, Meeessi, Meeessi”, ouvia-se, consolando o génio.

O mago do PSG estava a participar bastante, lançou colegas, criou tabelas, furou driblando, estava dentro do jogo. A Argentina estava mais fina, talvez tenha ajudado a presença de Enzo, mas o facto de Rodrigo de Paul, por vezes mais guerreiro do que jogador, estar mais sereno foi importante. Quando a bola que sai dos passes não vai aos saltinhos na relva, o que denota intranquilidade, é tudo diferente.

Os senhores Valdano e Kempes iam testemunhando, na tribuna da aristocracia, à porventura melhor exibição dos argentinos no Mundial. Dois campeões do mundo, de 1986 e 1978, à espera de um tri. Para gáudio dos magos, o golo da Argentina chegou logo depois do intervalo. Di María combinou com Molina e arranjaram maneira de meter a bola redondinha para Mac Allister, que sem acertar bem na bola fez o 1-0. Os polacos ainda investiram numa ligeira e humilde reação, mas rapidamente regressaram à estratégia original.

Richard Sellers

Já com Nicolás Tagliafico e Leandro Paredes em campo, os argentinos chegaram ao 2-0. Enzo Fernández, que já se libertara da posição 6, pegou na bola, deu um daqueles seus abanicos de corpo para ganhar um ou outro segundo e, picando a bola com uma leveza estelar, meteu-a nas botas de Álvarez. Claro, depois da tal diagonal curta que já registou no departamento das utilidades geniais e pouco estridentes, recebeu a bola como ensinam os deuses e meteu um golaço. La arãna, como é conhecido, finalmente picou num Campeonato do Mundo. Tem 22 anos e talvez só o céu pela frente.

E assim se colocava tudo igual entre Polónia e México, que ia ganhando à Arábia Saudita por 2-0. As contas eram delirantes, estava tudo igual, foi preciso navegar até aos cartões amarelos, num desempate que beneficiava os europeus. Foi por isso que os polacos defenderam até ao fim, à boleia de um autocarro de dois andares, a derrota. Viveram à beira do precipício durante demasiados minutos, mas sobreviveram.

Jakub Kamiński ia tentando desequilibrar pela esquerda nas raras vezes que a Polónia quis fazer algo com a bola de futebol. Lewandowski sofria, sem bola e sem companheiros que acompanhem o seu nível, trabalhando assim como um operário desconhecido. Krystian Bielik e Grzegorz Krychowiak procuravam algumas bolas longas.

Julián Álvarez quase bisou: bateu na bola com o amor de 9 e esta, ingrata, preferiu beijar a rede pelo lado de fora. Também Lautaro Martínez quase devolveu o Mundial ao México, mas o remate voltou a sair ao lado. Jakub Kiwior, perto do apito final, evitou o adeus ao Catar da sua seleção com um corte importante.

No final, havia lágrimas das gentes da Polónia na bancada (a Arábia Saudita já reduzira e o desespero foi menos desespero), agora vão defrontar no mata-mata a seleção francesa. Já os outros, orquestrados pelas mãos penduradas dos futebolistas que terão a Austrália pela frente nos oitavos, sacavam do mais fundo lugar da alma as cantigas que cantam sempre. Quase uma hora depois, com as bancadas já quase totalmente despidas, os adeptos que não ousaram descansar nas cadeiras atrás das balizas ainda cantavam.

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