A pouco mais de um quilómetro do fim da subida final da oitava etapa do Giro d'Italia, entre Spoleto e Prati di Tivo, houve um momento que ilustrou a corrida. De um lado da estrada, havia uma filia de ciclistas em sofrimento, de esgar de dor, dando o máximo naquela ascensão. Do outro, suave e leve, Tadej Pogacar, vestido de rosa, ia olhando para eles, como se contemplasse as dificuldades alheias à espera de decidir como ganharia a etapa.
Já com mais de dois minutos e meio de vantagem na luta pela geral, talvez esta tirada tenha inaugurado o Pogi modo gestão, tentando correr duas grandes voltas ao mesmo tempo: este Giro e o Tour que virá no verão, garantindo a rosa ao mesmo tempo que guarda forças para atacar a Volta a França que lhe escapou nas duas últimas edições.
Assim, não houve ataques nem manobras ofensivas do esloveno da UAE Emirates. Somente controlo e resposta a adversários. Arensman acelerava, Pogacar ia na roda. Tiberi arrancava, Tadej seguia-o. Storer tentava, o líder não permitia que o australiano ganhasse terreno. Os outros davam tudo para tentar escapar, ele alcançava-os serenamente.
Depois de uma semana a dominar o Giro, após duas vitórias de etapa e da demonstração evidente da sua superioridade, talvez esta versão de Pogacar possa ser ainda mais assustadora para os adversários. Não o que arrasa atacando, mas o que controla sem suar, o que gere parecendo nem se cansar. Esperar, conservar energias, mesmo assim triunfar no fim.
Nos metros finais, Tadej, nesta versão poupança de energia, mudou de velocidade e ninguém o acompanhou. Chegou ao hat-trick de etapas na corrida, com Daniel Felipe Martínez, o colombiano da Bora, em segundo na etapa e da geral, já a 2,40 minutos do maglia rosa. Geraint Thomas, da INEOS, é terceiro, a 2,58 minutos.
A etapa 9, de 214 quilómetros entre Avezzano e Nápoles, não trará as mesmas dificuldades de montanha. Seguir-se-á a primeira jornada de descanso.
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