Ciclismo

Vuelta: Em dia de nova 'Almeidada' de João, Roglic expressa o domínio da Jumbo

Vuelta: Em dia de nova 'Almeidada' de João, Roglic expressa o domínio da Jumbo
JOSE JORDAN/Getty
Na 8.ª etapa da corrida espanhola deu-se mais um confronto de candidatos: Roglic ganhou num sprint que juntou todos os grandes candidatos, com Kuss a vestir a camisola de liderança que Lenny Martinez perde. João Almeida entrou na subida final a perder tempo mas, ao seu estilo, recuperou e chegou com os melhores
Vuelta: Em dia de nova 'Almeidada' de João, Roglic expressa o domínio da Jumbo

Pedro Barata

Jornalista

Não deve faltar muito para que ‘Almeidada’ entre no dicionário da língua portuguesa, expressão que define o estilo e essência do melhor ciclista nacional em grandes voltas das últimas décadas. João entra nas subidas a sofrer, cedendo tempo para os melhores, que o olham pelo retrovisor. Mas enquanto outros perdem cada vez mais tempo, multiplicando a diferença, o caldense vai-a reduzindo, surgindo cada vez maior no retrovisor dos que vão na dianteira.

Quase sempre sentado, mãos agarradas na bicicleta, ar de esforço mas mentalidade de perseguidor, ele transforma o que eram 100 metros em 50, o que eram 10 segundos em 5. Indiferente às acelarações de gente como Roglic ou Evenepoel, impõe um passo constante e lá vai ele.

Assim foi, novamente, no duro Xorret de Catí, de 3,8 quilómetros a 11,4%. Naquela parede localizada na Comunidade Valenciana, havia rampas a rondarem os 20% de inclinação média, espaço para heróis e aventureiros.

No começo da ascensão, Almeida começou a perder tempo para Vingegaard, Evenepoel, Mas, Ayuso ou Kuss, boa parte da nata das duas rodas não motorizadas. Mas, em nova exibição de ‘Almeidada’, recuperou, chegou colado a eles e mostrou que, nesta Vuelta, é candidato aos primeiros lugares.

Contas feitas, Roglic (Jumbo), num sprint ao seu estilo, foi o primeiro, Remco Evenepoel (Soudal-Quick Step) o segundo e Ayuso (UAE) o terceiro. João chegou num pequeno corte, a dois segundos.

Na geral, Lenny Martínez, o francês da Groupama-FDJ, perdeu tempo e cedeu a liderança para Sepp Kuss, o norte-americano da Jumbo. Foi mais um dia de domínio da formação neerlandesa, capaz de ter um trio de ases entre os melhores.

João Almeida é 11.º, a 3,9 minutos de Kuss. Entre Evenpoel e Almeida — com Roglic, Vingegaard, Mas e Ayuso pelo meio — há apenas 38 segundos de diferença.

Rui Costa com o campeão espanhol, Oier Lazkano
Tim de Waele/Getty

A fuga do dia, numerosa, chegou a sonhar com o triunfo. Nela estava Rui Costa, habitual neste tipo de tentativas, e o português da Intermarché - Circus - Wanty mostrou boas pernas. Juntamente com a companhia de qualidade de Damiano Caruso (Bahrain), o campeão de Espanha, Oier Lazkano (Movistar) e Andreas Kron (Lotto), o campeão do mundo em 2013 destacou-se, já na entrada para a parte final da tirada, na frente.

No entanto, se já dentro dos 40 quilómetros finais os cerca de 3:30 minutos de vantagem poderiam dar margem para a fuga chegar, a entrada em cena da arma da Jumbo - Visma matou as aspirações da fuga. Com homens como Dylan Van Baarle ao trabalho, a diferença caiu vertiginosamente: a 30 quilómetros do fim já estava nos 2:20 minutos, aos 25 quilómetros para a meta nos 1:30, aos 20 quilómetros já era somente de 60 segundos.

Tudo seria, assim, decidido na ascensão final, com cume a cerca de quatro quilómetros da meta. No duro Xorret de Catí, Rui Costa e Lazkano foram os últimos a serem alcançados, já quando o líder Lenny Martínez ia ficando para trás.

Remco tentou impor um ritmo forte, mas todos os adversários o iam acompanhando. O belga mostrou-se forte, mas a armada da Jumbo esteve ainda melhor. E João, pouco a pouco, foi-se chegando a eles, constante e regular nesta ar de ir de trás para a frente.

A Vuelta segue aberta, igualada, com um português entre os melhores. Segue-se a etapa 9, com mais abordagens montanhosas.

A classificação geral:

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