Ciclismo

Vuelta: na ditadura da Jumbo, Kuss sonha com o êxito que ajuda os outros a terem e João Almeida resiste

Vuelta: na ditadura da Jumbo, Kuss sonha com o êxito que ajuda os outros a terem e João Almeida resiste
Alexander Hassenstein/Getty

Na 6.ª etapa da corrida, a montanha regressou, com a mais bem-sucedida equipa nas grandes voltas a dominar com mão de ferro: Kuss, o super-gregário, entrou na fuga e ganhou a etapa, com Vingegaard e Roglic a ganharem tempo a todos os favoritos. O jovem francês Lenny Martinez é o novo líder, com João Almeida a conseguir ser melhor do que Evenepoel, Mas ou Thomas

Vuelta: na ditadura da Jumbo, Kuss sonha com o êxito que ajuda os outros a terem e João Almeida resiste

Pedro Barata

Jornalista

Há não muito tempo, eles eram a Rabobank, conjunto neerlandês que parecia possuído por uma maldição em grandes voltas, envolto em quedas e acidentes peculiares. Agora, a mesma estrutura é, na verdade, uma equipa que parece nos antípodas dessa essência perdedora: a Jumbo-Visma é uma espécie de esquadrão imperial do pelotão internacional, a força temível, a união de ciclistas letais, poderosos, implacáveis em competições de três semanas.

Em 2023, o Giro foi para os neerlandeses, através de Primoz Roglic, e o Tour também ficou para a Jumbo, com a reconquista de Jonas Vingegaard. Agora, na Vuelta, o esloveno e o dinamarquês correm em simultâneo, como dois dos maiores favoritos, mas há outro craque numa formação recheada deles.

Sepp Kuss, o norte-americano especialista em subidas que escala como tivesse um fato de gala vestido, é uma figura sem a qual este domínio da Jumbo não se entende. Quando Roglic sofreu no Giro, na etapa vencida por João Almeida, lá estava ele, rebocando o antigo saltador de esqui; quando Jonas era atacado por Pogacar, lá estava Kuss, sereno, elegante, um trepador do melhor que há ao serviço do trabalho coletivo.

Agora, na etapa seis da Vuelta, com chegada ao alto do observatório astrofísico de Javalambre, o homem que vive em Andorra teve liberdade para atacar. Entrou na fuga do dia, uma escapada recheada de talento, com gente como Marc Soler, Lenny Martínez, Mikel Landa ou Rui Costa. E, podendo brilhar com luz própria não desiludiu.

Kuss atacou e ganhou, erguendo os braços, saudando o público, um momento de glória pessoal para quem tanto ajuda os outros a obtê-la. Atrás dele, a 26 segundos, chegou Lenny Martinez, da Groupama-FDJ. Aos 20 anos, é o novo líder da Vuelta, a mais recente esperança francesa para ter alguém capaz de competir pelos êxitos neste tipo de competição.

Os lugares seguintes da geral estão, agora, ocupados por homens que estiveram na fuga. Mas, entre os favoritos, são os líderes da Jumbo que assomam a cabeça.

Enquanto Kuss ia para a vitória, Roglic e Vingegaard distanciavam-se dos demais. O dinamarquês chegou a 2,52 minutos do colega, o esloveno a 2,58. O primeiro dos adversários a chegar foi Juan Ayuso, da UAE-Emirates, a 3,06.

Apenas 11 segundos atrás do espanhol vinha João Almeida. O caldense, fiel a si próprio, começou a sofrer logo no início da subida, parecia que perderia bastante mais tempo, mas acabou por fazer nova pequena ‘Almeidada’: ganhou margem para Vlasov, Thomas ou Remco Evenepoel, o grande derrotado do dia.

O belga, vencedor da última edição, chegou a 3,24 minutos, perdendo mais de 30 segundos para Vingegaard, ainda que mantenha uma curta vantagem para a dupla da Jumbo. João Almeida é 16.º, mas apenas a 30 segundos de Remco.

A sétima etapa deverá trazer o sprint ou uma fuga. A montanha volta no fim-de-semana.

A classificação geral

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