O sucesso deste Sporting começa com dez milhões de euros investidos num treinador com uma ideia clara do que quer para o jogo, da forma de o operacionalizar, e de como queria que toda a estrutura se organizasse para dar o apoio logístico tão necessário em qualquer projecto de sucesso. Frederico Varandas agarrou num saco de dinheiro, contratou um treinador muito competente e ambos, de forma concertada, definiram um equilíbrio que resultou de forma perfeita entre a valorização dos miúdos da Academia de Alcochete e reforços cirúrgicos para posições em que a Academia não consegue dar resposta.
Rúben Amorim é a grande figura desta equipa. Não como outros (por querer chamar a si os louros da época estrondosa do Leão), mas sim por ter criado uma dinâmica à volta da equipa capaz de colocar todos a fazerem o seu papel: os adeptos a envolverem a equipa por cedo terem percebido que por pior que a equipa jogasse nunca lhes faltaria a “garra” que o público de Alvalade tanto gosta. Rúben Amorim, aliás, repetiu inúmeras vezes que os seus jogadores “davam tudo”, e que por menos positivo que fosse o resultado isso o impedia de os criticar. Que me lembre, houve apenas um jogo em que o treinador não deu, perante a imprensa, a proteção habitual aos seus jogadores, escudando com isso possíveis ataques externos às exibições dos mesmos e da equipa.
Do que me recordo de forma clara é do treinador a antecipar qualquer crítica à equipa, dizendo que os jogadores não podiam fazer mais e que o treinador é que tinha a culpa e os deveria ajudar a melhorar. Que era esse o trabalho dele, e que a causa dos problemas e sobressaltos pelos quais a equipa foi passando era dele. Num misto de realismo e humor, com o foco no libertar da pressão externa que costuma afetar os jogadores, Amorim conseguiu com o que os seus jogadores se focassem no essencial. Por entre muitas intervenções exímias na sala de imprensa, para mim fica o momento em que ele diz (depois de mil perguntas sobre o assunto) que caso o Sporting não tivesse capacidade para manter a larga vantagem pontual que tinha conseguido que seria o treinador a perder o título e nunca os jogadores. Um jogador que oiça isto estará disposto a dar um pouco mais, jogando mais ou menos, porque reconhece no seu líder alguém que está disposto a dar a cabeça por ele.
E por último, o mais importante - o futebol.