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A casa às costas

“O primeiro-ministro da Bulgária disse que o dono do clube tinha de ir preso. Ele fugiu, congelaram as contas e ficámos sem salário”

“O primeiro-ministro da Bulgária disse que o dono do clube tinha de ir preso. Ele fugiu, congelaram as contas e ficámos sem salário”
SOPA Images

Filipe Nascimento começou o percurso no estrangeiro na Roménia, passou pela Bulgária e está há quase quatro anos na Polónia. Cluj, Dinamo, Elvski e Radomiak são alguns dos clubes onde o médio do Gornik Zabrze já jogou. Nesta segunda parte da entrevista, conta-nos várias histórias divertidas, fala do pior momento da carreira, a lesão no joelho, revela quais os pratos que melhor cozinha e confessa que, depois de já se ter imaginado empresário no futuro, agora pensa que daria um bom treinador

Quais foram as primeiras impressões quando aterrou na Roménia?
Fiquei imensamente surpreendido com tudo. Com a cidade, com as condições, fui realmente para muito melhor. A adaptação foi bem mais fácil do que eu pensava. Sou uma pessoa que facilmente se dá com outras pessoas, a cidade tinha muita gente jovem, está muito bem estruturada, tem bons parques, o estádio era espetacular, tínhamos condições muito boas de balneário, de ginásio; fiquei num T1 muito porreiro para mim e gostei imenso de estar em Cluj dois anos. Aprendi muitíssimo, acho que foi onde aprendi mais, desde que estou fora.

Gostou de trabalhar com Toni Conceição?
Sim, era um treinador que sabia bem o que queria, queria ter posse de bola, processos simples e fáceis de entender, gostava de envolver o grupo, todos lhe tinham muito respeito e gostavam dele porque tentava falar romeno, misturando com o português.

Quando chegou ao clube já lá estavam mais cinco portugueses. Sentiu alguma desconfiança da parte dos jogadores romenos?
Talvez um pouquinho, não muito, porque havia portugueses, espanhóis, italianos, croatas, a equipa toda dava-se muito bem. Claro que os romenos falavam mais entre eles. Mas isso acontece em todo o lado. O capitão, Mário Camora, é português e ainda lá está, e como ele falava português e romeno fazia uma boa ponte e conseguia controlar bem ambos os grupos.

Como foi ganhar a Taça logo no 1.º ano?
Foi incrível porque as probabilidades de ganhar eram poucas. Chegámos na sexta-feira a Bucareste, a final ia ser na terça-feira. Estávamos no hotel a ver o jogo do Dínamo de Bucareste quando um dos jogadores [Patrick Ekeng] caiu inanimado em campo. Ele ainda foi para o hospital, mas acabou por morrer e o jogo foi adiado para semana seguinte. Quando regressámos a Bucareste, o estádio estava cheio e com uma grande homenagem ao jogador que tinha falecido, como é natural. Os jogadores do Dínamo queriam ganhar a taça a todo o custo para dedicar ao jogador, mas, no final, fomos aos penáltis e ganhámos. Foi duro ver os jogadores a chorar por não terem conseguido dedicar-lhe a vitória.

Não conseguiram festejar?
Fomos festejar para o cantinho dos nossos adeptos e depois fomos para o balneário. Eu nem no balneário pude festejar a sério porque tive controlo anti-doping e quando voltei para o balneário já estavam todo vestidos.

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