A estreia de João Félix pelo Chelsea foi atribulada. Depois de ter rumado, por empréstimo do Atlético de Madrid, a Londres, o português foi expulso na primeira partida pelos blues, contra o Fulham de Marco Silva. O cartão vermelho valeu-lhe três jogos de castigo e, na próxima jornada da Premier League (sábado, 12h30), poderá voltar aos relvados, em novo dérbi de Londres frente ao West Ham.
Em entrevista ao jornal espanhol “AS”, o português garante ter vivido a expulsão no debute “com tranquilidade”, porque “são coisas que acontecem”, como “falhar um golo ou um penálti”, sem que “caía o mundo em cima” do jogador. Mencionando que o Chelsea vive “uma fase de mudanças”, com donos na primeira temporada em Stamford Bridge e que “se nota que tem muito dinheiro”, teceu rasgados elogios a Enzo Fernández.
O médio argentino trocou o Benfica pela Premier League no último dia de mercado é “um grande jogador", na opinião de Félix. O avançado deixou, em 2019, a Luz por €127 milhões, enquanto o campeão do mundo abandonou os lisboetas por €121 milhões. O português considera “cada vez mais normal que se paguem quantidades assim”, pois “o futebol mudou” e Enzo “merece” porque “é um jogador jovem, muito bom e com muita margem de progressão”.
Justificando a troca de Madrid por Londres, o jovem de 23 anos explica que já procurava “mudar de ares há uns tempos”, dado que “foi difícil” adaptar-se “à forma de jogar de Simeone”, um treinador “muito bom”, mas que “tem a sua forma de entender o futebol”. “Saí por estar com a cabeça cheia de tanto tentar e não conseguir”, sintetiza.
Sobre o técnico argentino, Félix explica que a forma de competir do Cholo é “sofrer no campo” para “depois ter uma oportunidade e marcar”. Ainda assim, garante que Simeone o fez “crescer” e que não se arrepende de, em 2019, ter rumado ao Atlético, sublinhando que os €127 milhões da transferência “não foram uma pressão acrescida”. Com o Chelsea a não ter opção de compra no final da época, o português reconhece que o futuro na próxima temporada “é uma incógnita”.
No Mundial 2022, João Félix teve momentos de grande destaque, como a partida contra o Gana, na qual marcou, ou o duelo frente à Suíça, no qual fez duas assistências. Recordando o torneio no Catar, o jogador confessa que a seleção “ficou com a sensação de ter perdido uma oportunidade muito grande de fazer algo muito bonito”, mas “o futebol nem sempre é justo”. Na derrota contra Marrocos, diz que “faltou um pouco mais de sorte” e “houve penáltis claros que não se assinalaram”.
Um dos momentos marcantes do Mundial foi a decisão tomada por Fernando Santos de deixar Cristiano Ronaldo no banco nos dois embates a eliminar, frente a Suíça e Marrocos. Félix reconhece que ver o capitão no banco “causou estranheza”, mas assegura que o madeirense “reagiu muito bem, transmitindo confiança” ao resto dos convocados.
O agora futebolista do Chelsea não ficou surpreendido com a ida do novo atacante do Al-Nassr para a Arábia Saudita, já que Ronaldo “não tinha nada mais a ganhar na Europa” e vai “escrever o seu nome na história” do país do Médio Oriente. Questionado sobre a continuidade do melhor marcador da história de Portugal na equipa nacional, Félix acha que Ronaldo “seguirá na seleção” e estará no Euro 2024, na Alemanha, dirigido por um Roberto Martínez de quem o jovem ouviu elogios da parte de Axel Witsel e Ferreira-Carrasco, que eram companheiros no Atlético de Madrid e foram orientados por Bob na Bélgica.
João Félix, que está em Inglaterra depois de ter feito 34 golos em 131 partidas no Atlético de Madrid, pronunciou-se ainda sobre o VAR. E sem grande apreço. O português diz não gostar muito do vídeo-árbitro, que “trouxe menos erros ao futebol”, mas o jogo “está cheio de erros”, diz. “Tal como os jogadores se enganam, os árbitros também se enganam às vezes, é o futebol. O futebol é bonito como está e creio que sem o VAR seria mais emocionante, porque teria erros que geram polémica”, defendeu.
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