Arthur Antunes Coimbra. Reconhece o nome? Se calhar, não. E se falarmos do 'Pelé branco'? Ou então do 'Galinho de Quintino'? Agora, de certeza, já sabe de quem estamos a falar. Sim, da lenda viva do futebol: Zico.
Ele passou pela Europa, na Udinese (Itália), e pelo Japão ao serviço do Kashima Antlers, mas fez a maior parte da sua carreira no Flamengo, no Brasil, e tornou-se o maior ídolo da história do clube rubro-negro. Foi o maior jogador brasileiro da década de 80, sendo até considerado por muitos como o maior futebolista que o Brasil já teve depois do grande Pelé. Um dos maiores jogadores da História do futebol mundial falou à Tribuna Expresso.
Hoje o futebol é diferente do que era na altura em que jogava?
Não gosto de fazer comparações. Cada época é uma época. O importante é o torcedor gostar e isso é que vale. São épocas diferentes, situações diferentes e por isso não dá para fazer comparações.
Como explica uma mudança tão repentina na seleção brasileira?
A competência do Tite que, a meu ver, desde que a Copa do Mundo terminou, deveria logo ter assumido o comando.
Porquê?
Porque tratava-se do melhor treinador do futebol brasileiro e não colocaram ele. Só assumiu a seleção agora, e ele trouxe conhecimento, estabilidade, confiança aos jogadores. E, com isso, o Brasil cresceu de novo.
A goleada de 7-1 contra a Alemanha já está esquecida?
Nunca vai cicatrizar (risos). Deixou ali umas marcas. Existem coisas no futebol que não cicatrizam nem se esquecem.

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Neymar é hoje um das grandes estrelas do futebol brasileiro e mundial. O que dizer do jogador do Barcelona?
Acho que ele já poderia ter recebido uma Bola de Ouro, em 2015, porque é um jogador que está numa ascensão e num momento muito bom. Tem jogado bem pela seleção e pelo Barcelona. A meu ver ele é um dos grandes candidatos a Bola de Ouro deste ano.
Desde 2014 e até a Janeiro último, o Zico assumiu o comando técnico do FC Goa, na Índia. É um futebol que tem por onde crescer?
Vai demorar muito para isso acontecer porque o momento, agora, é dar mais visibilidade para que contribua para o crescimento do futebol e não dos jogadores indianos. Acho que não existe ainda trabalho de base, é um futebol muito lento. Falta algum investimento para o o desporto crescer lá.
É um treinador que faz carreira fora do Brasil. Pensa um dia treinar algum clube brasileiro?
Não, não, não! Tenho uma ligação muito forte com o Flamengo e não teria condições de dirigir uma equipa que jogasse contra o Flamengo.

Zico quando era treinador do Japão.
TOSHIFUMI KITAMURA/AFP/Getty Images
E treinar a seleção brasileira, é um sonho?
Não, acho que um treinador da seleção tem de trabalhar no Brasil e como eu não trabalho no Brasil, isso não tem nenhuma chance de acontecer.
Não fica para o futuro?
Não, e o meu futuro já não é tão longo assim (risos). Já estou numa idade mais avançada. Até mesmo para ser técnico de futebol teria de repensar um pouco.
O Flamengo vai ser sempre um amor eterno?
É isso! Foram muitos anos. 20 anos não é pouca coisa, não.
Fez grande parte da carreira no Brasil e foi dos melhores de sempre. Acha que hoje em dia um jogador brasileiro, para ser dos melhores, tem de vir para a Europa para ser valorizado?
Não acho, acho que depende muito da condição de cada um e das oportunidades que aparecem.
Em relação ao desfecho do Mundial de 1986, no México, o pénalti perdido no empate (1 a 1) com a França ainda lhe traz pesadelos?
Nunca me trouxe incómodos nem pesadelos. Eu não falhei o pénalti de propósito, por isso porque haveria de me trazer pesadelos? São circunstâncias que acontecem no jogo. Se acerta, se erra… Faz parte do futebol.

JORGE DURAN
Na sua carreira, que recordações guarda com mais carinho?
São muitas. Sou agradecido a Deus por me ter deixado tanto tempo no futebol como jogador e também como técnico. O futebol deu-me muitas coisas boas.
E companheiros marcantes que tenha tido?
Muitos, muitos! Não gosto de apontar um ou outro, porque posso esquecer-me de alguém. Participei em três gerações e então tive a felicidade de conhecer, e ter, três gerações de jogadores maravilhosos a jogarem ao meu lado. Além de ter tido o privilégio de comandá-los também.
O que vem faltando no futebol atualmente?
As filosofias futebolísticas foram mudadas um pouco. Hoje quase todas as equipas e seleções jogam em função de fazer golos. Acho que o golo é a essência do futebol. Temos vistos seleções de bom nível e equipas de bom nível a jogarem sempre ofensivamente e acho que isso é bom futebol.
Está agora em Portugal. Vem com frequência?
Não venho cá frequência. Mas vim para aproveitar para passear, a convite do Grégory Arnolin, que foi meu jogador na Índia durante três anos. Fizemos uma amizade grande e viajei para Portugal a convite dele. Por coincidência apanho, o dérbi (Sporting – Benfica, amanhã) e ele convidou-me para assistir também.
Quem sairá com a vitória?
(Risos) Ah, não sei. Não acompanho muito. Conheço poucos jogadores das duas equipas. Conheço mais os brasileiros e um jogador que tive a felicidade de lançar na Grécia.
Kostas Mitroglou no Olympiacos…
Sim. Hoje ele é um dos grandes nomes do futebol grego. Chegou ao Benfica, está a ser importante para o clube e fui eu que o lancei lá no Olympiacos.

JUERGEN SCHWARZ
Sendo o seu pai português e adepto também de futebol, é sabido que ele era sportinguista confesso.
Era, era… Fez-me ser também sportiguista (risos).
Então está a torcer pelo Sporting?
Eu sempre torci pelo Sporting.
Ele falava-lhe das vitórias do clube português quando era pequeno?
(Risos) O meu pai punha na rádio os jogos do Sporting e os dois ouvíamos. Ele fazia bacalhau na brasa aos domingos sempre que havia um jogo do Sporting. São boas memórias, grandes recordações.
O Cristiano Ronaldo foi formado no Sporting. O que tem a dizer sobre o português?
Pelo que ele tem feito, ele tornou-se no melhor do mundo. Continua na luta para mais uma Bola de Ouro. É um jogador fenomenal. Pode ser que este ano iguale o Messi porque está a lutar e a jogar para isso.