No futebol há muitas verdades. Invariavelmente, há uma que fala mais alto do que todas, trata-se da melodia da classificação. O Sporting de Rúben Amorim, na terceira temporada completa, vive um momento de indefinição. Esta noite, caso o Casa Pia vença no campo do Estoril, os sportinguistas vão dormir na quinta posição, algo impensável há uns meses por tudo o que vem sendo este projeto leonino.
Os números tocam normalmente uma melodia mais rude do que doce. Em 27 partidas feitas esta época, o Sporting já perdeu tantas vezes desde agosto (nove) do que na época passada inteira e mais vezes do que na anterior (três), a de estreia do treinador no clube, em 53 e 42 jogos, respetivamente. A fiabilidade da equipa sangra. Os golos sofridos também revelam alguns problemas. Enquanto se vislumbraram 28 golos sofridos, os leões sofreram 49 e 28 nas épocas anteriores (nos tais 53 e 42 jogos).
Rúben Amorim, que falou recentemente em “bipolaridade”, tem sido acusado de ter um modelo de jogo pouco variável, previsível até. O próprio treinador reconheceu-o antes do jogo da época passada contra o Manchester City de Pep Guardiola. O dossier “avançado” é outra questão entre sportinguistas e nas conferências de imprensa, há quem aponte aí para uma teimosia do técnico, pois Paulinho surge como o único “9”, servindo não poucas vezes Sebastián Coates de solução. A venda de Matheus Nunes, ferindo agudamente o grupo e o nível competitivo da equipa, na véspera de um clássico com o FC Porto, também beliscou o arranque e andamento dos trabalhos deste grupo. Por esta altura mantém-se a incógnita da continuidade de Pedro Porro e Marcus Edwards, talvez os jogadores mais influentes da equipa na resolução de problemas.