Há vários fatores que concorrem para explicar o surpreendente resultado do Ajax em Alvalade, mas nenhum deles me parece contribuir mais do que os hábitos que as equipas adquirem, tendo em conta o contexto em que se inserem. José Mourinho foi o primeiro treinador que ouvi a falar disto: “os homens são animais de hábitos”. E esse é o ponto de partida da minha análise ao jogo de quarta-feira.
É, aliás, essa a motivação mais forte dos treinadores para vincarem a identidade de uma equipa, por saberem que com o treino, e com o jogo, os jogadores ficam mais propensos a adotarem determinados comportamentos do que outros. Ficam mais treinadores a darem foco a certos estímulos do que a outros, e ficam mais autónomos a resolver problemas com uma forma de ação treinada coletiva, e individualmente. E mais perdidos quando os problemas que lhes colocam são diferentes.
O Sporting vem de uma época tremenda, cheia de sucesso, e isso ajuda a vincar determinados comportamentos e a ignorar outros. Os argumentos individuais e coletivos, que levaram o Sporting a ser campeão, timbraram nos seus jogadores uma determinada matriz comportamental difícil de fugir. Por mais que o treino seja orientado, numa determinada semana, para alterar alguns comportamentos, é difícil que tal aconteça se não houver nos jogos quem faça aparecer essas nuances trabalhadas nos treinos. Porque o melhor treino, onde os jogadores realmente adquirem os comportamentos individuais e coletivos que o treinador trabalha, é o jogo.
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