Portugal

Metralhar cruzamentos não pôs fim a 364 minutos sem golos: o que dizem os números sobre a eliminação de Portugal

Metralhar cruzamentos não pôs fim a 364 minutos sem golos: o que dizem os números sobre a eliminação de Portugal
Anadolu

Sempre que teve oportunidade, ao longo do Euro 2024, a seleção nacional despejou a bola na área em busca da referência ofensiva. Cristiano Ronaldo não correspondeu e, em especial contra os franceses, o capitão teve dificuldades em impor-se no meio de Upamecano e Saliba, igualando um registo negativo que, nos tempos mais recentes, só Messi conseguiu fazer pior

Nas vésperas do jogo dos quartos de final, contra a França, quando quis defender a alma da seleção e dizer que Portugal não estava a ter desempenhos assim tão maus como se dizia, Roberto Martínez recorreu a estatísticas básicas para acalmar as hostes. Usou a posse de bola, as chegadas ao último terço e até os pontapés de canto como álibi.

Agora que Portugal foi eliminado do Euro 2024, estabelece-se como definitiva a média de 64,8% de posse de bola ao longo dos cinco jogos realizados (90,4% de acerto no passe), de acordo com a UEFA. De facto, a seleção ganhou muitos cantos assim (47). Então, mas e golos? O conjunto do Roberto Martínez marcou por cinco vezes na competição, sendo que dois foram da autoria dos adversários que colocaram a bola na própria baliza e três foram conseguidos no mesmo jogo.

A eliminação dá-se 364 minutos (excluindo compensação) - o que corresponde a seis horas - sem Portugal conseguir marcar. Além disso, o registo ofensivo da equipa de Roberto Martínez fica bem atrás das marcas de Alemanha e Espanha, as seleções mais sagazes no ataque à baliza, ambas com 11 golos.

O problema pode também ser do método. Portugal foi de longe a equipa presente nos quartos de final que mais explorou situações de cruzamento. Foram 153 despejos na área dos quais apenas 32 foram bem-sucedidos. Esta foi uma das tendências mais vincadas da seleção nacional diante de França. Foram 30 cruzamentos direcionados para a região onde se encontravam Dayot Upamecano e William Saliba. A referência ofensiva portuguesa foi Cristiano Ronaldo. Segundo a GoalPoint, o capitão ganhou apenas um dos dois duelos aéreos que disputou.

Não foi por falta de tentativas que, pela primeira vez na carreira, Cristiano Ronaldo ficou em branco em grandes competições (Europeus ou Mundiais) e esta foi a 11.ª prova desse tipo em que o avançado esteve presente. O jogador do Al Nassr realizou 23 remates na competição, mas nenhum com sucesso. Desde Lionel Messi, no Mundial 2010, que ninguém realizava tantas tentativas sem encontrar o fundo das redes. Na altura, o argentino arriscou visar a baliza em 29 ocasiões.

O lado positivo do Euro 2024 é que Portugal melhorou o resultado da edição anterior. No Euro 2020, a eliminação nos oitavos de final correspondeu à pior prestação de sempre da seleção nacional desde 1996, altura em que começou um caminho que vai em oito fases finais consecutivas.

Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: fsmartins@expresso.impresa.pt