Por cá, há tudo o que é necessário: “infraestruturas, experiência e um excelente capital humano”. É assim que Fernando Gomes defende as valências da candidatura de Portugal e Espanha ao Mundial de 2030, sublinhando, em entrevista ao diário espanhol "Marca", que o projeto ibérico é o que “mais garantias oferece” à FIFA.
A mais de um ano do congresso da FIFA que decidirá quem vai receber o Mundial que marcará o centenário da competição, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol soa confiante no seu sucesso, mas antes disso haverá Mundial no Catar já daqui a duas semanas. Ao diário vizinho, Fernando Gomes frisa que inicialmente a ideia era “levar o Mundial a uma região geográfica que nunca tinha albergado a principal competição de futebol”, como aconteceu na África do Sul, em 2010, um projeto, diz, “meritório em si mesmo e que seria uma oportunidade para o Catar”. O líder federativo lembra que há 12 anos o modelo de voto era diferente e reconhece, agora, que “as coisas não correram bem”
“A FIFA deu garantias, durante uma reunião em outubro com a UEFA, de segurança e inclusão para todos”, aponta Fernando Gomes, sublinhando que a posição do organismo europeu sobre o tratamento dado aos trabalhadores migrantes e respetivas famílias é clara: “Há que fazer algo para os apoiar”. Na entrevista, Fernando Gomes recorda que “o mundo inteiro estará muito atento ao que se vai passar no Catar” nas próximas semanas e que não será “aceitável discriminação de qualquer tipo nem restrições à liberdade de imprensa durante o Mundial”.
“Quando apresentou a candidatura, o Catar conhecia o espírito e ambiente que se vive numa competição desta magnitude. É necessário que honre esse compromisso”, sublinhou Fernando Gomes.
Sobre futebol propriamente dito, o presidente da FPF diz esperar uma seleção nacional com “ambição máxima”.
“Com o talento que temos, temos de pensar em grande. Ganhar o Mundial é difícil, a fronteira entre ganhar e perder é muito ténue, mas vamos com essa ambição”, diz. Quanto ao momento de Cristiano Ronaldo, com uma época muito abaixo do normal no Manchester United, Fernando Gomes foge à questão e diz que nunca interferiu em áreas que são “da competência exclusiva do selecionador”, mas sublinha que “falar de Ronaldo hoje é falar de Portugal”.
“Há que recordar a caminhada de Ronaldo na seleção. Todos temos que nos sentir privilegiados de termos vivido numa época em que a nossa seleção juntou tanto talento”, aponta.
Inclusão da Ucrânia não foi “calculismo”
Nas últimas semanas, a candidatura ibérica deixou de ser exclusivamente ibérica e passou a contar com mais um país: a Ucrânia. A decisão de incluir a nação fustigada pela guerra, diz Fernando Gomes, nada tem a ver com jogadas de charme.
“Asseguro que não houve calculismo na hora de tomar a decisão. O que houve foi um desejo genuíno de integrar a Ucrânia numa candidatura europeia ampliada”, diz. A maior concorrência ao projeto de Portugal, Espanha e Ucrânia deverá vir da candidatura su-americana, que junta Uruguai (país que organizou o primeiro Mundial, em 1930), Argentina, Paraguai e Chile.
“O futebol é muito mais que futebol, cada vez mais. Para mim foi uma decisão lógica e natural. Seguir com esta candidatura de forma indiferente ao que se passa na Ucrânia seria incompreensível”, afirmou ainda, deixando claro que, em caso de sucesso, já não será o líder da FPF em funções quando o Mundial aterrar por cá: “Para tudo há um momento, estou a terminar o meu terceiro mandato e acho que fiz tudo o que aspirava, tudo a que me comprometi quando cheguei há 11 anos”.