Numa fria noite de abril, em Turim, quando uma bola foi picada para as imediações da marca de penálti da área da Juventus, não muito ajeitada para que um remate fosse feito em perfeitas circunstâncias, quanto mais em boas. Essa bola cruzada começou a cair com a gravidade para trás do corpo de quem a ia pontapear, não para a frente, de modo a que ficasse entre o desejado rematador e o pretendido alvo, a baliza que, ainda para mais, era guardada por um dos mais fiéis guardadores de redes da história.
Essa bola que se picou em balão, para trás, não da forma ideal, transformou-se num golo transcendente através do engenho de quem foi capaz de lhe dar um uso genial. Porque o resto da história já o sabem - a bola foi na direção de Cristiano Ronaldo.
O português saltou, elevou-se anormalmente no ar e coordenou o movimento de pontapeá-la como quem dá uma pedalada em cima de uma bicicleta. O gesto saiu com uma sincronia perfeita, como a direção que a bola tomou para se enfiar, com força e precisão, na baliza de Gianluigi Buffon.
O golo foi aplaudido, elogiado, falado e repetido até à exaustão, pela dificuldade de executá-lo e, até, pensar em tentá-lo.
E quando a UEFA pediu às pessoas que visitam o seu site oficial para votarem no melhor golo que tinha visto durante a época de 2017/18, as preferências dirigiram-se, de forma massiva, para o que Ronaldo ousou fazer em Turim. Entre os 346,915 votos que a entidade recebeu, "quase 200 mil" escolheram o golo de Cristiano, à frente da aventura individual de Dimitri Payet pelo Marselha, contra o Red Bull Salzburg, e outro de Eva Navarro, pela seleção espanhola de sub-17, frente à Alemanha.
É oficial: o melhor golo da época passada é de Cristiano Ronaldo, pelo menos para quem teve que votar sobre a matéria.