Revista de Imprensa

“Uma coisa é ensinar, outra é saber ensinar”: Jesus sem voz mas com a final da Libertadores no bolso

“Uma coisa é ensinar, outra é saber ensinar”: Jesus sem voz mas com a final da Libertadores no bolso
Lucas Uebel

O treinador do Flamengo estava rouco no final do jogo com o Grémio. Teve de gritar golo cinco vezes mas valeu a pena

Tribuna Expresso

Gabigol, Bruno Henrique, Rodrigo Caio e Pablo Marí foram os marcadores da noite. Mas o herói dos adeptos do Flamengo pode muito bem ser Jesus. 38 anos depois, o treinador português vai levar o clube do Rio de Janeiro à final da Libertadores.

No fim do jogo, Jorge Jesus estava rouco. O treinador exaltou os adeptos e chamou "sonho" à qualificação. “Estou um pouco rouco! Quero agradecer aos jogadores por este feito, por este sonho que a torcida do Flamengo há muitos anos estava procurando. E eles mostraram porquê... São únicos, diferentes, apaixonados. Fizeram um ambiente único no mundo. Não sei se a final vai ser no Chile, mas vamos lá estar. Chegar à final é importante, mas o mais importante é ganhar. Vamos desfrutar e depois pensar no jogo de domingo, que é muito importante também.”

Sobre se o Flamengo é a melhor equipa do Brasil, Jesus não quis comprometer-se. “Cada pessoa e cada treinador tem a sua opinião. Não é pelo facto de ganharmos 5 a 0 que vou mudar a opinião de que o Grémio é uma equipa de muita qualidade, capaz de disputar os primeiros lugares do Brasileirão. Temos que dar os parabéns aos vencidos. O Flamengo foi muito forte, fez quatro golos de bola parada, trabalhámos muito esta semana e estamos na final.

Questionado acerca da prestação de alguns jogadores em particular, Jesus disse que “o Flamengo não é só jogadores, comissão técnica”, elogiando a estrutura do clube, nomeadamente “a qualidade do departamento de futebol e do departamento clínico do Flamengo. Não nos falta nada.” Num momento de euforia, o técnico mostrou a sua gratidão: “Quero agradecer por estar no Flamengo”.

Com sentido de humor, Jesus ainda teve tempo (e voz) para negar o inegável: “Não estou emocionado, estou rouco (risos). Claro que não imaginava um 5-0. Tenho muito respeito pelo Grémio. Não esperava que fosse fácil. Em Porto Alegre, o VAR salvou o Grémio. Sabia que íamos ganhar a eliminatória. A equipa está muito confiante. Em quatro meses, está a jogar de olhos fechados. É uma equipa que tem prazer a jogar e não sente a pressão.

Neste momento, é óbvio que mudou muita coisa no Flamengo. Jesus explica: “Mudou a proposta que apresentámos e eles acreditaram na nossa ideia de jogo. Isso passa por muitas nuances. Uma coisa é ensinar e outra é saber ensinar. Fizemos uma proposta de uma dinâmica de jogo em que eles se conheceram cada vez melhor. Foi uma demonstração contra o Grémio de quatro golos de bola parada. Os jogadores têm qualidade individual para decidir estas competições. Cheguei para comandar uma equipa em Portugal como o Flamengo que não ganhava títulos e hoje ganha. Um grande clube tem que ter história e títulos. Se calhar, esse é o primeiro passo para o Flamengo ter a hegemonia no futebol brasileiro.

Com o pensamento na final, Jesus não esconde que prefere que haja apenas um jogo e que este seja disputado em campo neutro. “É muito mais apaixonante, interessante, mística para os próprios clubes.

O treinador do Flamengo não esqueceu as finais europeias que alcançou com o Benfica. “Infelizmente perdi, uma nos penaltis e outra aos 92 minutos. Só perde e ganha quem chega. Quem não chega, nunca vai perder. Entre a resolução, a tristeza e a satisfação, há muita proximidade. Em Portugal, costumamos dizer que vamos à final para ganhar.”

E por falar em Portugal, Jorge Jesus não esqueceu o seu país:Sei que o jogo foi transmitido em Portugal, começou à 1h da manhã, terminou às 3h da manhã, e sei que os índices de audiência foram top. Quero mandar um abraço para Portugal.

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