Num campo de relva artificial onde joga uma dezena de mulheres, há uma que se destaca. Sem muito esforço e parecendo ter um olho na bola e outro nos dois filhos que brincam à volta do terreno, uma das mais jovens sobressai pelo conforto com a bola, a agilidade, a familiaridade com o passe ou a receção. Mas, se na relva a face é relaxada e sorridente, cá fora o rosto conjuga-se com as palavras que a boca pronuncia para pintar um quadro de timidez e quase receio.
Alina nasceu no Paquistão, mas vive em Manchester desde os 13 anos. Há muito que tem “amor” — citando-a — pelo futebol, mas a sua mãe proibia-a de jogar, em linha com o comum no Paquistão, que “olha com preconceito para o desporto praticado por mulheres”, conta-nos com cuidado em cada frase, como se estivesse a fazer denúncias proibidas. Apesar da desaprovação familiar, no último ano Alina voltou a jogar nos arredores de Manchester, às terças, das 15h às 17h.