Em 2005, Adrian Seddon fazia parte de um “grupo de adeptos do Manchester United desiludidos quer com o clube quer com o futebol moderno”. Queixavam-se do “esquecimento” a que os fãs eram vetados, da “primazia absoluta dada às televisões”, da “excessiva comercialização” ou dos “preços proibitivos dos bilhetes”, que “afastaram o jogo da classe operária”. Em 1998, muitos desses fãs protestaram contra a compra do emblema por Rupert Murdoch, a qual não avançaria, mas uma aquisição com êxito seria o “rastilho que incendiou totalmente a insatisfação que já havia”, diz Adrian.
A família norte-americana Glazer comprou o Manchester United em 2005, pedindo um empréstimo para o efeito. Depois de ficarem com os red devils, os Glazer recorreram a dinheiro do clube para pagar a dívida que contraíram para o comprar. “Passámos de ser dos emblemas mais ricos do mundo para ser o mais endividado, ao mesmo tempo que um milionário do outro lado do mundo, sem ligação a Manchester, se apropriava de um bem cultural centenário e valioso para a comunidade. Foi a gota de água”, explica Adrian.