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“Tu és filho do Akwá? Sim, sim”. A crónica de uma descoberta fortuita de um português no clube detido por “adeptos do United descontentes”

Já uma bola tinha sido chutada para fora do estádio e um convite feito para que o jornalista, literalmente, andasse pelo banco de suplentes durante o jogo, quando o cicerone da Tribuna Expresso no FC United of Manchester, clube detido pelos seus sócios que compete na 7.ª divisão inglesa, sugeriu que um dos jogadores era português. E, de facto, o número 10 da equipa criada, em 2005, por adeptos dos red devils, é o filho do melhor marcador da história da seleção de Angola e contou-nos que tem no pai o melhor amigo e maior crítico

Pedro Barata, enviado ao Euro 2022

FC United of Manchester

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O anoitecer na grande Manchester, em meados de julho, chega muito tarde. Às 21h30 ainda há luz do sol a brindar o relvado de Broadhurst Park. As bancadas, tanto as sentadas como as zonas de pé, estão quase cheias para um embate amigável entre o FC United of Manchester e o Bury, duas equipas semi-profissionais fora da Football League — isto é, não fazem parte das quatro ligas nacionais de Inglaterra. O número 10 do United of Manchester, equipa da casa, acaba de marcar um golaço e é substituído.

O assessor de comunicação/speaker/braço-direito do presidente/gestor da conta de Twitter do clube de Manchester vai ao banco chamar o jogador, pedindo-lhe que venha falar com a Tribuna Expresso. De corpo atlético, o futebolista sobe as escadas da bancada principal enquanto é felicitado pelos adeptos. Cumprimenta-nos em português, sentamo-nos e a primeira pergunta é óbvia.

Como veio ele aqui parar?

“Cheguei em 2006, vim com a minha mãe, com a intenção de estudar, não de jogar. O meu pai foi jogador, jogou em Portugal, no Benfica…”

“Quem é o teu pai?”

“É o Akwá.”

“Tu és filho do Akwá?!?”

“Sim, sim.”

“O teu pai é uma lenda, isso é incrível!”


Esta é a transcrição do momento em que ficámos a saber que, num estádio de um clube da sétima divisão inglesa, joga com o número 10 o descendente do melhor marcador da história da seleção de Angola. Nos subúrbios de Manchester atua Edy Maieco, filho de Akwá, que atuou no Benfica, no Alverca, na Académica e no Mundial de 2006 como capitão, bem como em três edições da Taça das Nações Africanas.

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