Ainda os 14 corpos se punham a jeito, de novo, à humidade e ao calor da noite do Dubai, quando a seleção nacional, acabada de regressar do balneário, zarpava com o frenesim dos artistas que tem na linha de três quartos para furar a porosa organização defensiva de Hong Kong e ser o centro Rodrigo Marta a furar o espaço para se deixar cair na área de ensaio. Portugal contava os derradeiros segundos ao cartão amarelo que trouxera da primeira parte e que tinha a equipa em inferioridade, mas, mesmo assim, chegava ao quarto ensaio e respetiva boa-nova.
Chegando a esse quarteto de ensaios logo a terceiro minuto da segunda parte, a seleção garantiu o precioso ponto de bónus ofensivo e acumulou-o no saco cujo propósito era encher, ao máximo, já nesta partida inaugural do torneio de repescagem no qual os ‘Lobos’ estão à caça da derradeira vaga no Mundial de 2023. A razão está na valia teórica dos adversários que terá de enfrentar na mini-liga a quatro para ver quem lhe sobrevive.
Contra uma seleção de Hong Kong mais do que permeável a campo aberto, sem capacidade para deslizar os jogadores em campo quando a bola chegava aos homens mais frenéticos com a bola na mão, que transformam por completo a dinâmica de um ataque quando a oval lhes chega. Do intervalo, Portugal trouxera uma vantagem de 21-7 e engordou-a com a vida airada de jogadas partilhadas entre Rafaele Storti, Nuno Sousa Guedes e Rodrigo Marta, os agitadores de serviço.
Sempre que os hongueconguenses, pressionados na sua área de 22 metros, recorriam aos pontapés para se defenderem territorialmente e afastarem a oval, os três ou quatro portugueses que contra-atacavam com embalo engatilhavam com facilidade jogadas que alcançavam, quase sempre, as beiças da área de ensaio. Portugal acabaria com seis marcados e um 42-14 no resultado que premiou vertiginoso Storti como o melhor em campo de um jogo onde a seleção terminou com 14 jogadores - ao amarelo a João Granate seguiu-se outro mostrado a Duarte Torgal.
No final, com sorrisos fáceis em todos as caras enquanto os jogadores se abraçavam e tiravam fotografias no relvado, Rafaele Storti resumiu como os portugueses não são “os tipos mais fortes do torneio” e, como tal, tentam “jogar com muita velocidade”. Pouco depois, o capitão Tomás Appleton confirmou que “é parte do ADN” da seleção o querer “jogar rápido” pelo usufruto dos seus pontas e do arrière.
Este sábado, os EUA que Portugal defronta no terceiro e último jogo ganhou por 54 pontos de diferença ao Quénia. Seguem-se os africanos, teóricos adversários mais fáceis do torneio, contra quem a seleção nacional terá de ganhar preferencialmente com uma vantagem obesa para a partida frente aos americanos ser a decisão final que se antecipa.