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Râguebi

Sim, o râguebi também pode ter penáltis e Portugal está na final do Europeu sub-18 por causa deles

Devido a uma igualdade a 21 pontos na meia-final do Rugby Europe Championship contra a Espanha, os “lobinhos” tiveram de desempatar o jogo através dos pontapés aos postes de vários sítios do campo. A versão oval das grandes penalidades, contudo, já está a ser revista pela World Rugby e poderá ser abandonada em breve

Diogo Pombo

IRAKLI TKEMALADZE/Georgia R«ugby

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O empate é um resultado raro no râguebi. Comparando-o ao futebol e por questões geométricas e numéricas, entende-se que assim o seja, pois no jogo que junta gentes que vivem em prol de uma bola oval e num campo com as mesmas dimensões, marcar pontos é mais fácil: existe uma área a toda a largura do relvado para se fazer um ensaio em vez de uma pequena baliza a que chutar um golo, ou pontapeia-se a bola de qualquer distância para a fazer passar entre os dois postes. Mexer no placard é tarefa menos trabalhosa.

No jogo em que se poder marcar aos três, cinco ou sete pontos de cada vez, dependendo se é um chuto aos postes, uma penalidade marcada ou um ensaio convertido, ou não, nada invalida que se veja a raridade de duas equipas terminarem empatadas ao fim de 80 minutos. Em Tbilissi, capital da Geórgia, decorre o Europeu sub-18 da Rugby Europe, uma espécie de torneio B das seleções do continente por o lote do Seis Nações seguir com o seu grupo à parte das equipas mais fortes do râguebi europeu, alérgicas a que os países em desenvolvimento oval possam crescer a competir entre eles.

Foi lá, na quarta-feira, que a seleção portuguesa apelidada de “lobinhos” defrontou a Espanha nas meias-finais da competição. O jogo corrido não separou os rivais ibéricos, sendo uma eliminatória, as seleções tiveram de se submeter ao equivalente do râguebi aos penáltis: cinco pontapés aos postes para cada equipa e sempre na linha dos 22 metros, com o local do chuto a variar entre a esquerda, o centro e a direita, devendo ser batidos por jogadores que estivessem em campo quando o jogo terminou.

IRAKLI TKEMALADZE/Georgia Rugby

No primeiro, o mais fácil por estar enquadrado e em linha reta com os postes, ambas as seleções acertaram; no segundo, à esquerda, o espanhol designado falhou e, no terceiro, seria a vez do chutador português não conseguir fazer a bola passar entre as duas torres; no terceiro pontapé que voltou a ser ao centro, ninguém erro e só quando as tentativas voltaram à esquerda houve nova falha - seria um espanhol cuja posição é pilar, da primeira linha de avançados a quem nunca se pede qualquer intervenção com os pés, a ditar a vitória da seleção nacional.

Manuel Mendonça, Manuel Vareiro, Francisco Perloiro e Alfredo Almeida são os nomes dos portugueses que acertaram os respetivos pontapés e colocaram, de novo, a seleção na final deste Europeu sub-18. Uma viagem em torno do sol volvida do torneio que se realizada todos os anos, Portugal voltará a jogar a decisão contra a Geórgia. Poderá é não repetir a façanha de superar uns ‘penáltis à râguebi’.

Em maio, a revista “Rugby World” e o portal “Ruck” noticiaram que uma alteração a esta regra estará a ser estudada pela World Rugby. A proposta consiste em substituí-la por duelos corridos, em que um atacante recebe a bola a 30 metros da área de ensaio enquanto um defesa parte a cinco metros dessa zona para o tentar placar e evitar que marque ensaio. Caso quem parta com bola o logre fazer num máximo de 10 segundos, a outra equipa teria de replicar o feito para o desempate prosseguir.