A recente sequência de jogos é um dos melhores momentos da época?
“Acho que só faz sentido as boas exibições e resultados se, amanhã, conseguirmos mais um. Aquilo que passou, passou, a equipa tem tido uma evolução boa em todos os momentos do jogo, mas o que dita essa evolução é a estabilidade e continuidade que queremos manter.”
Onde se deu o ‘clique’ na equipa?
“É a evolução natural. Fico perplexo quando vejo algumas escritas e pessoas a dizerem que demorei muito, ainda hoje li um artigo de opinião a dizer que demorei muito. Não demorei nada, demorei o tempo que tinha de demorar. Porque, na altura, ninguém diz que os jogadores que começam os jogos, há dois ou três meses, não estavam na forma em que estão hoje, não podemos comparar as coisas. O ‘clique’ é o trabalho diário deles, que me levou a montar a equipa exatamente com essa qualidade e evolução que estão a demonstrar em todas as posições. Se fiz tudo bem desde o início do ano? Obviamente que não.
Mas depois, no final do jogo e durante a semana, somos capazes de identificar os erros, não somos cegos e percebemos alguma coisa disto. Olho para jogos que ganhámos pela margem mínimo e vemos que estivemos muito bem no jogo, com conteúdo riquíssimo. Vocês não veem aquilo em que trabalhamos ao longo da semana e, depois, os jogadores tentam fazer e são bem-sucedidos, mas, se a bola não entrar, já é uma má exibição e, se entrar, é uma exibição cheia de brilhantismo. O futebol é assim em termos de resultado, mas não de conteúdo. O processo tem de ser bem assimilado. O jogo de amanhã vai dar-me respostas, também dúvidas. Isto é uma constante.
Se fossemos pela qualidade técnica do jogador - que é o que as pessoas pensam que é ‘qualidade’ - e está tudo feito, são estes os melhores tecnicamente e vão jogar, mas não, o futebol não é assim.”
O Rio Ave, próximo adversário
“É uma equipa que só perdeu um jogo em 2024 e estava a fazer uma excelente partida. Sabemos das dificuldades, é uma equipa que de forma inteligente e estratégica se reforçou bem neste mercado de janeiro e cabe-nos descobrir o melhor caminho para ganharmos um jogo difícil.
Não se esqueçam que, desde outubro, as vezes em que o Rio Ave perdeu foi pela margem mínima, é uma equipa muito competitiva que, por uma pontinha de sorte num ou noutro jogo, estaria hoje numa completamente posição diferente. Isto é que é importante. Dissecámos ao máximo a equipa em todos os momentos do jogo.”
Otávio, o novo central canhoto
“É mais um defesa central, pode trazer o que os outros três dão, de acordo com as características que tem é alguém que vai suplantar uma ausência que temos, de há quatro meses, que é a lesão do Marcano. Fazia-nos falta um quatro central para competir. Não nos podemos esquecer que vamos entrar num ciclo de sete jogos num mês.”
Um balanço do mercado de inverno do FC Porto
“O que digo aqui, muitas vezes, é que acho que o mercado de janeiro não é benéfico para as equipas. Pode haver um ajuste ou outro, como houve no nosso caso, mas não sou adepto deste mercado. Foi o mercado possível no contexto do FC Porto.”
A busca foi mais apurada para a margem de risco da contratação ser menor?
“Temos de olhar para duas ou três situações importantes, de mercado: o perfil de jogador que queremos, entre características e idade; o contexto em que estava inserido, quanto mais rápido for e conhecimento tiver do nosso campeonato, melhor; e depois, a capacidade financeira que o clube tem para ir buscar o jogador. Mesmo sendo no mercado interno, não é fácil.”
A operação judicial que envolve elementos dos Super Dragões afetará o apoio à equipa?
“Não, vamos lá ver, isso é uma questão de justiça em que todos nós confiamos, para saber o que as pessoas fizeram, ou não. Agora, o apoio é algo que vem de dentro dos portistas, temos de olhar para o coletivo da massa adepta do FC Porto, que é fantástica no apoio. É verdade que o líder de uma das claques poderá não estar no jogo, mas queríamos que todas as pessoas que amam o FC Porto pudessem dar o contributo e puxar da melhor forma pela equipa. E cabe à equipa ter um comportamento que os sócios e simpatizantes gostem, para também puxar pelos adeptos, isto é óbvio e natural. Tenho a certeza que vai acontecer isso.”
Preferia que Zaidu e Taremi voltassem já da CAN e da Taça da Ásia?
“Espero que sejam felizes na seleção, claro que me preocupo mais com o FC Porto e ter aqui duas opções a mais era melhor. Tanto um como o outro podem fazer melhor, muito sinceramente, porque já tiveram aqui fases e momentos de maior brilhantismo.”
As notícias da renovação, ou não, do seu contrato com o FC Porto
“Vamos lá ver como vou responder. Costumo dizer para os jogadores que estão em final de contrato que não basta ter contrato, é preciso sentir o clube. Se forem responsáveis no sentido de entrarem aqui e serem dedicados, trabalhadores e profissionais, isso para mim é que é importante. O nosso presidente, que ‘só’ tem 40 anos como presidente e é o mais titulado do mundo, já disse que não é no final do mandato que se vai renovar com um treinador, isso é óbvio para toda a gente.
Neste momento, os candidatos à presidência são unânimes e têm a mesma opinião de que o sucesso da equipa é importante e quanto mais tranquilidade tiver, melhor. O meu papel e o dos jogadores é pensar única e exclusivamente em servir o FC Porto. Estamos aqui todos os dias para atingir o êxito, isso para mim é o mais importante. Não sou naïve, pelo momento do FC Porto e por tudo o que está criado em relação ao panorama eleitoral, entendo que tudo é notícia e dão um bocadinho mais de ênfase às questões que interessam às pessoas - para algumas, a mim interessa-me ganhar ao Rio Ave, isso sim é fundamental. Agora, para outras pessoas pode suscitar interesse. A mim, sinceramente, e penso que ao presidente também, isso não é caso para se falar neste momento.”
Os temas extra-futebol
“Entendo que seja mais falado na imprensa, como pessoa de futebol gostava que se falasse mais de futebol, acredito que possam vir cá para fora outras situações, mas acho que já falei bastante.”
Como se blinda o plantel destas notícias?
“É muito fácil: é dar importância ao que é verdadeiramente importante, o jogo. Falar sobre o trabalho diário, o jogo, o que fizemos bem e podíamos ter feito melhor. É focarmo-nos no que é mais importante para nós. Se fosse com outro tipo de discurso, para os jogadores seria outra matéria importante. Mas para mim, como líder do balneário, não é.”