Na Liga dos Campeões, o palco-mor da dificuldade no futebol de clubes, há que plantar o pé um degrau ou dois acima na escadaria da exigência. Não basta fiar na tábua rasa e manter o que se faz nas provas domésticas. No primeiro jogo na Luz desde o seu retorno à casa-mãe, pedindo uma noite “à Benfica” nas suas conferências de imprensa sedutoras da emoção sobra a razão, a notívaga jornada de trabalho pedia a Bruno Lage um golpe de asa, alguma intervenção sua perante o adversário, de longe, mais argiloso com que se deparou nesta sua sequela a mandar nos encarnados.
Os ajustes foram evidentes. Com bola, o Benfica quis atrair a pressão do Atlético de Madrid com uma saída a três jogadores. O inspirado Álvaro Carreras muitas vezes baixou a sua posição para a linha dos defesas centrais para ser o toque divergente na construção das jogadas enquanto Alexander Bah, na margem oposta, se projetava no campo. Tão antílope a correr com a bola para a frente na lateral esquerda quando a jogada não pedia um passe para progredir, quanto búfalo a cair na pressão sobre adversários, a equipa inclinou-se para o espanhol com intenção: dos 79 passes feitos por Otamendi, o central à esquerda, 28 foram para o Carreras, por sua vez o jogador que mais para a frente na base das jogadas.
O canhoto dos cabelos longos deixou 21 passes verticais no jogo, o maior número entre os encarnados, afincado a procurar o homem da batuta, maestro sem fraque nem fatiota do Benfica, devolvido por Bruno Lage um papel semelhante que exercia no Feyenoord, a vadiar por onde mais convier à equipa. Com maior atração pelo centro-esquerda, Orkun Kökçü foi a via predileta para essas ligações de Carreras (sete passes), também esguio a tirar adversários da frente quando tinha de resistir à pressão nos momentos em que o Atlético tapava as escapatórias mais próximas, Kökçü e Aktürkoglu, que à esquerda se manteve bem mais aberto do que o seu homólogo do lado contrário.
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