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De Montevidéu a Doha

De Montevidéu a Doha, episódio 10: quando Alex Ferguson assumiu tragicamente o cargo de selecionador da Escócia e disputou o Mundial de 1986

À boleia da lembrança de Willie Miller, o histórico defesa central dos anos 70 e 80 do futebol escocês, recordamos a prestação da Escócia de Alex Ferguson no Campeonato do Mundo de 1986, onde o mítico treinador esteve depois de um desaparecimento trágico. De Montevidéu a Doha é a rubrica em que, semanalmente e até ao arranque do Mundial no Catar, a Tribuna Expresso trará reportagens e entrevistas sobre a história da mais importante competição global

Hugo Tavares da Silva

Peter Robinson - EMPICS

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Os adeptos escoceses na bancada do Ninian Park, em Cardiff, celebravam o empate contra o País de Gales como se tratasse do céu. As bandeiras rugiam no ar, esvoaçantes e sem qualquer pingo de consciência. Os jornalistas da televisão onde passava o jogo falavam em “tensão fantástica”. Aquele 1-1, em setembro de 1985, ditava a passagem da Escócia ao play-off intercontinental. David Cooper, de penálti aos 80’, cozinhou definitivamente o sonho de estarem outra vez no Campeonato do Mundo, no México, tal como acontecera em 1954, 1958, 1974, 1978 e 1982.

O alarido selvagem, com pitons ainda a calcar alegremente a relva, amansou para aqueles que tiveram de levar Jock Stein, o selecionador escocês, para uma sala longe dos dentes que gargalhavam. O treinador terá caído junto à linha imediatamente após o derradeiro apito daquele quentinho Gales-Escócia. A saúde não estava nas melhores condições, a pressão não ajudava e um edema pulmonar acabou por levá-lo para longe do que é térreo.

“Foi uma noite trágica”, recorda Willie Miller, o histórico defesa central dessa seleção e do Aberdeen, o único clube onde jogou. “Embora estivéssemos maravilhados, as notícias tristes estragaram a noite. Era só um jogo de futebol. Quando falamos de vida e de morte, é uma coisa diferente.”, diz à Tribuna Expresso.

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