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De Montevidéu a Doha, episódio 5: depois de 20 anos de domínio europeu, Neymar ou Messi reclamarão o trono de volta para a América do Sul?

De Montevidéu a Doha

MAURO PIMENTEL/Getty

Desde 2002 que os Mundiais têm sido palco de festa do Velho Continente, que não só ganhou os títulos das últimas quatro edições como quase monopolizou os lugares nas eliminatórias finais das competições. No entanto, as dúvidas de várias potências europeias e o grande momento de confiança de Brasil e Argentina, potenciadas pelo estado de graça dos seus craques, leva a acreditar que uma mudança de tendência seja possível, ainda que as vicissitudes do calendário ajudem a explicar a euforia de uns e a desconfiança de outros. De Montevidéu a Doha é a rubrica em que, semanalmente e até ao arranque do Mundial no Catar, a Tribuna Expresso trará reportagens e entrevistas sobre a história da mais importante competição global

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Pedro Barata

Pedro Barata

Jornalista

Quando, a 15 de julho de 2018, Hugo Lloris ergueu o troféu de campeão do mundo aos céus de Moscovo, o planeta era um lugar diferente. A conjuntura política global ainda permitia que o oportunismo de Gianni Infantino se sentasse ao lado do triunfal Vladimir Putin (ainda que já houvesse crise no Donbass desde 2014); Jair Bolsonaro ainda não era presidente do Brasil e Rui Rio tinha chegado há liderança do PSD há cinco meses; covid soar-nos-ia a nome de jogador de uma seleção periférica e pandemia era tema para livros de história ou filmes apocalíticos.

No que ao domínio da bola diz respeito, aquela final, vencida pela França contra a Croácia, consolidava anos de hegemonia Europeia. Os resultados do Mundial da Rússia ditaram que, pela quarta vez seguida, o campeão da prova mais importante do planeta viesse da Europa (a França sucedeu à Alemanha, Espanha e Itália). Dos derradeiros oito finalistas da competição, sete foram europeus, com a Argentina em 2014 a ser a exceção entre França, Itália, Espanha, Países Baixos, Alemanha, França e Croácia. Das últimas 16 presentes em meias-finais, 13 vinham da UEFA, sendo o Uruguai em 2010 e o Brasil e a Argentina em 2014 as intrusas.

Enquanto rappers homenageavam as glórias dos gauleses que levaram “a taça para casa” e Putin se despedia do beija-mão que lhe fora brindado durante mais de um mês, a Europa saía do Mundial plenamente assente no trono da bola. Do outro lado do Atlântico, Neymar chorava a eliminação contra a Bélgica, num Brasil que nem às meias-finais chegava pela terceira vez em quatro torneios — e quando lá chegou foi espezinhado e humilhado por 7-1 — e Messi encolhia os ombros perante o caos organizacional de uma Argentina que assistia à implosão do breve projeto Sampaoli, o oitavo treinador de Leo em 13 anos de seleção.

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