A conversa aconteceu antes de sabermos que a lesão de Sadio Mané, capitão e estrela do Senegal, o impediu mesmo de jogar neste Mundial.
Como é que um senegalês vê este drama de Sadio Mané?
Estamos todos ansiosos, estamos todos um pouco com receio, porque ele é dos melhores jogadores do mundo. Então, como qualquer equipa que tenha um jogador daquele nível, acho que o país fica a pensar um pouco como será. Mas acreditamos em Deus, seja qual for a situação, esperamos que ele possa jogar, mesmo que não possa jogar no início do campeonato.
E aquela coisa da magia e dos feiticeiros é verdade?
[gargalhada] É assim, África tem também as suas realidades. Não sei se te lembras, quando parti a perna disseram-me que tinha de deixar de jogar dois anos depois. É verdade que os doutores aqui fizeram tudo, mas eu curei-me em África e disseram-me que ia jogar até quando quisesse, e joguei até quando quis. Joguei nos últimos anos no sintético do Bessa, tudo correu bem, joguei até aos 40 anos. Acabei por jogar mais sete ou oito anos. E foi na África que me curei, por isso acredito muito que ele possa ser ajudado em África.
Mas por essas questões da fé e magia?
Não é magia, não é magia. Há uma coisa que às vezes se esquece, as pessoas têm culturas. Portugal tem as suas culturas, são diferentes. A Europa tem cultura europeia, África tem cultura africana. Falo do lado do bem, coisas que conseguem fazer bem, coisas que conseguem ajudar pessoas a serem melhores. Tudo o que se tem na vida tem de se trabalhar, mas, por exemplo, lesões e coisas dessas há pessoas que podem ajudar nisso. Não se pode dizer que vai ser 100% assim, mas há pessoas em África que podem ajudar e vamos ver se conseguem ou não. Como há medicina chinesa, há medicina africana, é só isso. É diferente do lado europeu.