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Mundial 2022

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FIFA ameaça com sanções desportivas e capitães de sete seleções europeias já não vão usar braçadeiras com as cores do arco-íris

Horas depois da cerimónia de abertura falar de “inclusão” e “união dos povos”, a FIFA deixou claro às federações europeias participantes na iniciativa que os seus jogadores poderiam sofrer sanções desportivas caso entrassem em campo com a braçadeira de apoio à inclusão. A amostragem de cartão amarelo seria uma delas, condicionando desde logo o jogador. Federações falam de decisão “sem precedentes” e “desapontamento”

Lídia Paralta Gomes

Harry Kane, capitão de Inglaterra, com uma braçadeira arco-íris

James Williamson - AMA/Getty

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Foi uma iniciativa pensada pela federação dos Países Baixos e que, inicialmente, foi abraçada por sete outras seleções europeias presentes no Mundial 2022. Além dos neerlandeses, os capitães da Alemanha, Inglaterra, País de Gales, Suíça, Bélgica, Dinamarca e França iriam usar uma braçadeira com as cores do arco-íris, um coração e a inscrição “One Love”. A ideia era apoiar a não-discriminação e a comunidade LGBTQI+ numa competição disputada num país onde as mulheres são ostracizadas e a homossexualidade é crime. Portugal nunca esteve no grupo de equipas da iniciativa.

A França colocou-se rapidamente de fora (o capitão Hugo Lloris disse que era preciso “respeitar as regras” do Catar) e agora, por outras razões, as restantes seleções também abandonaram os seus intentos. Poucas horas depois de uma cerimónia de abertura onde todos os chavões da “inclusão”, da “união dos povos” e do “respeitar as diferenças” foram utilizados, a FIFA ameaçou as seleções com sanções caso os capitães entrassem em campo com as braçadeiras.

“A FIFA foi muito clara dizendo que iria impor sanções desportivas se os nossos capitães usassem a braçadeira em campo. Não podemos colocar os nossos jogadores numa posição em que podem ser sancionados, por isso pedimos aos nossos capitães para não utilizarem as braçadeiras nos jogos do Mundial”, pode ler-se num comunicado conjunto assinado pelas sete federações que iriam para a frente com a ideia.

Uma das sanções possíveis e referidas no comunicado seria a admoestação com cartão amarelo ao jogador que usasse o objeto, condicionando desde logo o seu jogo e acelerando suspensões.

As federações em causa dizem que estavam “preparadas para pagar multas”, mas que não podem colocar os jogadores “numa situação em que podem ser amarelados ou mesmo forçados a deixar o campo”.

“Estamos muito frustrados com a decisão da FIFA, que pensamos não ter precedentes”, escrevem ainda as federações, referindo que informaram o organismo da iniciativa em setembro e que não obtiveram “qualquer resposta”.

“Os nossos jogadores e treinadores estão desapontados - são grandes apoiantes da inclusão e vão mostrar esse apoio de outras formas”, conclui a declaração.

Do grupo de seleções que faziam parte da iniciativa, a Inglaterra é a primeira a entrar em campo, esta segunda-feira, às 13h, frente ao Irão. Harry Kane, capitão dos ingleses, foi um dos jogadores mais ativos na defesa do projeto.