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Gestão das eliminatórias, união de grupo, empatia com adeptos carentes de êxitos: eis a Roma europeia de José Mourinho

Pela segunda vez em duas temporadas na capital, a equipa do técnico português discutirá a partida decisiva de uma final internacional, desta vez na Liga Europa. O setubalense, que com seis finais europeias igualou o recorde de Trapattoni, Cruyff e Ferguson, encontrou nos giallorossi o ambiente perfeito para uma fase da carreira em que explora a sua mestria nos confrontos a eliminar

Pedro Barata

Tullio Puglia - UEFA

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Subitamente, as imagens da eliminatória da AS Roma contra o Bayer Leverkusen levam-nos ao FC Porto de 2003, ao Chelsea de 2006 ou ao Inter de 2010. Um grupo de jogadores profundamente dedicados ao seu treinador, como se todos partilhassem do mesmo estado mental e de igual ideia futebolística; uma equipa que faz da paciência virtude, esperando pelo momento certo, sem oferecer nada ao adversário e colhendo ao máximo os frutos de qualquer erro; um sentimento de missão, quase de epopeia, de viagem que se faz em conjunto contra adversidades e inimigos reais ou inventados para potenciar essa coesão; e, claro, a vitória no fim, a ideia que referenda todos os sacrifícios. O prémio ao sofrimento.

Este rebobinar na carreira de José Mourinho é a grande marca das duas épocas que o português tem vivido na Roma. Depois do brutal êxito dos primeiros anos da sua carreira, das mil e uma conquistas no FC Porto, Chelsea e Inter, os tempos mais recentes foram de conflitos e frustrações, de despedimentos no Chelsea, Manchester United e Tottenham, de uma sensação quase de homem fora do seu tempo.

As guerras mais ou menos abertas com vários jogadores que orientara nos últimos trabalhos seguiam um padrão: às primeiras adversidades, um futebolista da equipa — chamemos-lhe, para efeitos de exemplos, Pogba — era apontado como culpado da instabilidade, seguindo-se a isso uma desvalorização do próprio plantel e das capacidades do clube. Recorde-se a conferência de imprensa da “herança futebolística”, no United, para entender como, nessa lógica de atrito mourinhista pós-auge parecia haver uma paranoia de apontar culpas e arranjar réus.

Mas, no Olímpico, tudo mudou.

O casamento perfeito encontrou uma Roma carente de êxitos, sem títulos há 13 anos quando contratou o português, pronto a abraçar incondicionalmente os métodos do setubalense. Do outro lado, o técnico deu a sua versão de pai de grupo, de aglutinador de jogadores e adeptos, de guia que ajuda um povo em necessidade.

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