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Philadelphia Eagles e Kansas City Chiefs vão estar no Super Bowl LVII, um jogo em que se vai fazer história. E a dobrar

As motivações não importam. Ou porque gostam das equipas, apoiam a modalidade, ou simplesmente porque querem assistir ao intervalo mais famoso do mundo. Seja qual for o motivo, fevereiro é igual a Super Bowl. Duas semanas antes da final da NFL, os Philadelphia Eagles e Kansas City Chiefs garantiram os lugares mais desejados do futebol americano

Rita Meireles

Michael Owens

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O dia 12 de fevereiro já estava marcado na agenda dos adeptos da NFL há algum tempo, mas faltava saber o nome das equipas que iriam disputar o Super Bowl LVII. Terminado o play-off, sabe-se agora que serão os Philadelphia Eagles e os Kansas City Chiefs a entrar em campo no dia do maior espetáculo do desporto norte-americano. Os primeiros superaram os San Francisco 49ers (31-7) no jogo que decidiu o campeão da conferência NFC (National Football Conference), e os segundos venceram os Cincinnati Bengals, por 23-20, na AFC (American Football Conference).

Os Eagles preparam-se para disputar o título de campeão da NFL pela primeira vez desde que derrotaram os New England Patriots em 2017. E fazem-no com uma defesa de fazer inveja a qualquer equipa. Durante a época regular, acumularam o maior número de desarmes (70) e permitiram o menor número de jardas por passe por jogo (179,8) na liga.

"Esta cidade e a paixão que têm por esta equipa. Estamos muito gratos a estes adeptos", disse Nick Sirianni, treinador dos Eagles, na conferência de imprensa após o jogo. "Vejam este lugar. Não há lugar como este na NFL".

A vitória na NFC coloca ponto final numa sequência de temporadas em que as coisas insistiam em correr mal. Em 2018, 2019 e 2021, a equipa foi eliminada nas primeiras rondas do play-off. Em 2020 assinaram apenas quatro vitórias. A reconstrução foi necessária e, sabe-se agora, bem sucedida. Até porque como se ouve na música “Dreams and Nightmares” de Meek Mill, adotada como hino na cidade de Filadélfia e ouvida no estádio após a vitória da equipa: "Estava na hora de casar com o jogo e eu disse: 'Sim, aceito'".

Os Chiefs a festejarem a vitória

Os Chiefs a festejarem a vitória

Kevin C. Cox

Os Chiefs regressam ao Super Bowl após uma ausência de apenas um ano e comandados por Andy Reid, treinador que vai enfrentar a sua antiga equipa. Deste lado a ameaça também é clara, visto que falamos do melhor registo da equipa nas últimas cinco épocas. Mas quando se tratou de defrontar os Bengals, as estatísticas não estavam a favor da equipa de Kansas City: antes do jogo da final da conferência, perderam três partidas consecutivas contra a equipa de Cincinnati.

Só que Patrick Mahomes apareceu.

O mágico quarterback foi o responsável por várias das jogadas que contribuíram para a vitória dos Chiefs na conferência e fez tudo isso enquanto lidava com uma lesão no tornozelo.

"Tentei fazer o que podia para ganhar, mas, obviamente, houve alturas em que se podia ver que [a lesão] não me deixava fazer o que eu queria", disse Mahomes. "Mas fui capaz de fazer o suficiente naquela última jogada para conseguir o primeiro down e sair dos limites do campo e tentar dar a Harrison Butker a oportunidade de ganhar”, disse, referindo-se ao pontapé aos postes do kicker da equipa, que colocou o resultado em 23-20.

Olhando agora para o futuro, é muito difícil prever que equipa vai entrar no State Farm Stadium, no Arizona, com vantagem em relação à outra. Tudo pode acontecer no Super Bowl, marcado para 12 de fevereiro, mas neste momento as apostas, segundo a ESPN, inclinam-se mais para o lado dos Philadelphia Eagles.

Fácil de prever é o peso que esta partida terá na história da modalidade, e não só. Há duas duplas que vão escrever um novo capítulo no futebol americano, uma pelos laços de sangue e a outra em nome da igualdade.

Irmandade histórica

Os irmãos Kelce têm apenas que entrar em campo para fazerem algo que nunca foi feito. Travis, o mais novo, veste pelos Chiefs, e Jason, o mais velho, é jogador dos Eagles. Serão os primeiros irmãos a disputar a finalíssima do futebol americano em equipas rivais.

Jason Kelce

Jason Kelce

Kevin Sabitus

Antes da vitória dos Chiefs, Jason foi questionado sobre a possibilidade de encontrar Travis no Super Bowl. Uma coisa ficou clara: o jogador estava a torcer pela equipa do irmão durante a final da conferência, depois disso tornou-se um adepto a menos.

"Tenho uma camisola de Kansas City que vou usar durante as próximas três horas e depois acaba para o resto do ano", disse após vencer a sua conferência. "Ganhem ou percam, vou parar de ser um fã dos Chiefs".

Jogo pela igualdade

O duelo entre Jalen Hurts e Patrick Mahomes a nível desportivo já é um dos mais esperados deste jogo, mas aquilo que representa para lá dos números só pode ser ainda mais importante.

Pela primeira vez na história, serão dois quarterbacks negros os titulares de um Super Bowl. 35 anos depois da estreia de um quarterback negro: Doug Williams. Williams foi também o primeiro a vencer um Super Bowl e depois dele apenas dois outros quarterbacks negros o fizeram como titulares: Russell Wilson, pelos Seattle Seahawks, em 2014, e precisamente Patrick Mahomes.

Jalen Hurts

Jalen Hurts

Tim Nwachukwu

Mahomes já conta com um Super Bowl no currículo (época 2019/20), mas sabe também o que é perder, e tudo num curto espaço de tempo. Um ano depois de saborear a vitória, viu o título ser entregue a Tom Brady e companhia, dos Tampa Bay Buccaneers.

Hurts vai em busca do seu primeiro anel, mas talvez esteja na melhor altura possível para o fazer. A evolução tem sido clara e as estatísticas da época regular colocam-no um passo à frente de qualquer rival.

O jogo acontece pouco tempo depois de os norte-americanos terem voltado a sair à rua em protesto pela igualdade racial. O cidadão negro Tyre Nichols perdeu a vida após ser agredido por um grupo de policias.