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O que é o passaporte biológico? Pode ser enganado? Um explicador sobre o que pretende ‘salvar’ a reputação do ciclismo nacional

A Federação Portuguesa de Ciclismo e a Autoridade Antidopagem de Portugal anunciaram obrigatoriedade de, a partir de 2023, todos os ciclistas de equipas nacionais terem um passaporte biológico, vista como a melhor arma para evitar o doping no desporto. António Júlio Nunes, diretor-executivo da ADoP, explica à Tribuna Expresso como funciona o método que, se usado durante toda a carreira de um atleta, “tornará praticamente impossível a utilização de determinados tipos de substâncias e de métodos proibidos”

Diogo Pombo

NUNO VEIGA/LUSA

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Apanhado “de surpresa”. Assim se descreveu, em julho último, Adriano Quintanilha aos microfones da “Antena 1”. Oito ciclistas e dois mecânicos da W52-FC Porto tinham sido suspensos preventivamente pela Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP), toda uma série de buscas da Operação ‘Prova Limpa’ da Polícia Judiciária apreendera comprimidos, bolsas de sangue, equipamentos de transfusão e o chefe da equipa garantia estar de “consciência tranquila”, repassando como os homens que davam aos pedais lhe diziam, em privado, que “nunca se meteram em nada”.

Em outubro, já retirada a licença à equipa pela União Internacional de Ciclismo (UCI) para a impedir de competir na Volta a Portugal, sete dos oito atletas visados eram castigados pela ADoP com multas e anos de ‘exílio’ da modalidade. Estava dada a machadada com a afiada lâmina que trucida reputações desportivas - a equipa mais ganhadora do ciclismo nacional em tempos recentes (ganhou cinco das últimas oito Voltas a Portugal) anos sofria a pior das estucadas possíveis contra a perceção pública. A sombra do engano e da batota regressava para assombrar o ciclismo.

Na esperança de a sacudir para longe, a Federação Portuguesa de Ciclismo anunciou com a ADoP, na terça-feira, uma parceira para apertarem o cerco à dopagem na modalidade: a obrigatoriedade, a partir de 2023, de todos os ciclistas de equipas continentais em Portugal terem um passaporte biológico. Ou seja, a medida vai abranger atuais 92 atletas que integram os nove conjuntos portugueses inscritos na terceira divisão de equipas da UCI, podendo competir em provas internacionais. “Ter todos no passaporte biológico é pioneiro no ciclismo mundial (...) Tratava-se aqui de darmos um gesto de salvação da credibilidade do ciclismo”, enalteceu Delmino Pereira, presidente da federação.

Mas o que é, exatamente, o passaporte biológico? Para nos ajudar a explicá-lo, pedimos ajuda a António Júlio Mendes, diretor-executivo da ADoP desde 2015 que nos devolveu respostas por escrito para explicar que medida é esta e o quão fiável pode ser na luta anti-doping em Portugal.

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