Nos últimos dias de 2022, a iraniana Sarasadat Khademalsharieh, também conhecida como Sara Khadem, jogou um torneio de xadrez sem o hijab colocado e juntou-se a muitos outros compatriotas que protestam contra o regime extremista do seu país. O gesto levou-a a optar por não regressar ao Irão e mudar-se para Espanha com o marido e o filho, uma vez que, caso regressasse, acabaria por ter de enfrentar represálias.
A chegada ao país europeu aconteceu esta terça-feira, altura em que uma fonte próxima da jogadora contou à “Reuters” que Khademalsharieh recebeu avisos para não regressar ao Irão depois de ter competido sem o hijab.
A fonte em questão optou por não revelar a sua identidade, uma vez que poderia também ela correr riscos, mas garantiu que a jogadora de xadrez recebeu múltiplas chamadas telefónicas em que indivíduos a advertiram contra o regresso a casa após o torneio, enquanto outros disseram que ela deveria voltar, prometendo “resolver o seu problema”.
As chamadas telefónicas levaram os organizadores do torneio no Cazaquistão a decidir fornecer segurança com a cooperação da polícia local. Foram colocados quatro guarda-costas no exterior do quarto do hotel de Khademalsharieh, segundo a fonte.
No Cazaquistão e agora em Espanha, a segurança da iraniana ficou assegurada, mas os seus pais e outros familiares que ainda estão no Irão têm recebido ameaças nos últimos dias.
Os protestos que começaram logo após a morte de Mahsa Amini, na sequência de um mandado de prisão por ter o hijab mal colocado, marcam um dos maiores momentos de revolta contra o regime desde a revolução de 1979 no país. As mulheres têm protagonizado alguns dos momentos mais marcantes, desde a remoção do hijab até à decisão de cortarem o cabelo.
Além de Sarasadat Khademalsharieh, outros atletas também deram a cara nos protestos e têm sofrido por isso. Elnaz Rekabi viu a sua casa ser destruída após participar numa competição de escalada sem o hijab e o futebolista Amir Nasr-Azadani foi condenado a pena de morte.