A escocesa Eve Muirhead conseguiu o que poucos conseguiram no curling: no espaço de um ano, entre 2021 e 2022, venceu o Mundial, Europeu e Jogos Olímpicos. No final de tudo isto, decidiu que o passo seguinte seria a reforma. Não porque tivesse planeado, mas porque com o aproximar da nova época, o entusiasmo de regressar ao gelo que sentiu em outros anos já não estava presente.
Agora abraça um novo projeto, como comentadora na Eurosport durante o Europeu da modalidade que tem início na próxima sexta-feira. “O maior desafio vai ser lembrar-me que já não sou atleta, já não sou uma daquelas jogadoras. Agora vejo tudo de um ângulo diferente, agora sou a pessoa a falar sobre o tema”, diz a antiga curler, de 32 anos.
Além de conhecer a sua trajetória, a Tribuna Expresso procurou junto da campeã perceber quais as melhores dicas a dar à seleção portuguesa de curling, que se estreou este ano em provas internacionais - vai participar a partir de sábado no Europeu B -, e ao próprio país na aposta nesta modalidade.
O que a levou ao curling?
Comecei no curling quando tinha cerca de oito anos de idade. O meu pai era um curler de classe mundial, esteve em muitos Campeonatos Mundiais, Europeus e nos Jogos Olímpicos de 1992, que foi a primeira vez que o curling esteve na competição. Desde criança, a minha mãe costumava levar-me a mim e ao meu irmão para apoiar o meu pai, gritávamos muito, sem dúvida. Ver alguém próximo a competir, foi isso que me fez interessar pelo desporto. Quando joguei pela primeira vez, adorei.
É campeã olímpica, do Mundo e da Europa. Que competição é mais desafiadora e qual das três a deixa mais orgulhosa de ter vencido?
Todas elas são muito diferentes. O Europeu é um evento muito grande porque é a qualificação para os Mundiais. É também uma grande oportunidade para as pessoas dentro dos países assistirem a curling. Os Jogos Olímpicos são uma competição muito diferente porque são os Jogos Olímpicos. Representamos a Grã-Bretanha nos Jogos e todas as outras vezes representamos a Escócia. Devo dizer que os Jogos Olímpicos foram provavelmente a competição mais importante para mim, porque é o auge do nosso desporto, é a principal, a que todos sonham em vencer. Ganhar as três no espaço de um ano, os Europeus, os Jogos Olímpicos e o Mundial, é algo que nunca acontece, penso que só aconteceu uma vez antes. Todas são muito especiais à sua maneira, mas para mim os Jogos Olímpicos são o que eu sonhava ganhar quando era criança.