Aos murros e pontapés, o corpo em rotações com pernas e os pés esticados, um dos traços distintivos do taekwondo é privilegiar essas partes da anatomia para atingir o esqueleto de quem se tem à frente, equipado e igualmente pronto a lutar com capacetes, proteções e ligaduras. Munida de todo este aparato, Matilde Ferreira é excelsa a ir buscar pontos através de golpes dados.
Em Tallinn, na Estónia, decorrem os Campeonatos da Europa da arte marcial em que o “tae” é um pontapé, “kwon” um golpe com as mãos e “do” se traduz mais livremente para “a arte de”, portanto a portuguesa é, na sua faixa etária, a melhor nos preceitos de combate e auto-defesa inventados na Coreia do Sul: neste momento, é a campeã europeia de taekwondo no escalão júnior e sub-21, títulos que conquistou em dias sucessivos.
Na quarta-feira, a atleta começou por vencer em -49 quilos, golpeando a adversária polaca na final até lhe ser atribuída a vitória que a fez ajoelhar-se, curvar-se sobre os punhos fechados em celebração e depois abrir as mãos para tapar a cara; no dia seguinte, juntou ao ouro júnior o mesmo metal precioso na categoria acima. “Não há palavras para descrever o que eu sinto neste momento!! Todo o trabalho e dedicação que tenho feito, foi demonstrado aqui e, sem isso, não há sucesso”, escreveu Matilde Ferreira, no Instagram, a partilhar uma fotografia em que surge agarrada à primeira das medalhas.
Em junho, a atleta do Maximus Taekwondo da Maia vencera a Taça do Embaixador da Coreia que também serviu de Open de Portugal, conquistando o ouro tanto na categoria júnior, como na sénior. O resultado fê-la ser a única portuguesa escolhida para representar Portugal no país-berço do taekwondo.