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Usain Bolt quer fazer da sua pose vencedora uma marca registada. Vem aí mais um logótipo inspirado num desportista?

Usain Bolt quer fazer da sua pose vencedora uma marca registada. Vem aí mais um logótipo inspirado num desportista?
Ian Walton/Getty

A silhueta de Usain Bolt a fazer a pose na qual se petrificava diante das câmaras após cada vitória que teve durante a carreira, que lhe deu oito medalhas de ouro olímpicas e ainda o tem como recordista dos 100 e 200 metros, deu entrada como pedido de registo de patente nos EUA

Foi na década de 60 que uma quadra nos EUA acolheu a trivial corrida de Jerry West com uma bola de basquetebol a ressaltar-lhe entre as mãos. O jogador dos Los Angeles Lakers ia da esquerda do campo para dentro, a cabeça inclinada no grau certo e o instante em que uma perna se escondia atrás da outra captou a atenção de Alan Siegel quando visitou a redação da revista “Sport Magazine”. Queria vasculhar o acervo fotográfico da revista.

Entre tudo aquilo a que deitou olho, a tal fotografia do jogador que ganharia a NBA em 1972 e foi escolhido umas 14 vezes para a equipa All-Star captou-lhe a atenção. A silhueta de Jerry West serviu-lhe de inspiração para desenhar o logótipo adotado, em 1969, pela liga profissional norte-americana: a figura branca de um basquetebolista em ação entre um painel azul e outro vermelho será o mais flagrante exemplo de como a pose de um desportista pode ser aproveitada para comunicar uma ideia, por uma instituição ou a favor de algo.

A NBA não é o basquetebol, mas a explosão de popularidade da prova quase se confunde com a própria modalidade. Durante anos, a liga nem admitiu que o seu logo era inspirado em Jerry West, que há 50 anos se revê em todo o lado - “Acordo e vejo-o. Vou a um jogo e vejo-o. Está em todo o lado. Não consigo fugir disso, apenas abano a cabeça”, diria, em 2021, aquando do 75.º aniversário da competição. A silhueta do antigo jogador é literalmente confundida com a NBA, porque a representa. Tantos anos depois, outra pose de um atleta parece estar a ser posta no forno para algo.

Na segunda-feira, o Departamento para Registo de Patentes do governo dos EUA deu conta da entrada de um pedido vindo de um requerente com morada em Kingston, capital da Jamaica, para ficar com a propriedade de um logótipo que teve de ser descrito por palavras: “O desenho consiste na silhueta de um homem numa pose distintiva, com um braço dobrado e a apontar para a cabeça e o outro erguido e a apontar para cima”.

A imagem retrata a pose tantas vezes repetida por quem assina o pedido, Usain Bolt, o excêntrico e altivo detentor dos recordes mundiais dos 100 e 200 metros, retirada em 2017 da competição que dominou a preceito durante cerca de uma década. O legado do jamaicano era baseado no descaramento da sua supremacia sobre os adversários, tal a vantagem com que terminava quase todas as provas. Daí veio a pose à Usain Bolt, que se fartou de repetir durante a carreira.

A entidade que regista patentes nos EUA revela que o pedido visa tornar a figura uma marca registada para uso nas áreas do vestuário, relojoaria, bijuteria e restauração. Para já, não partilhará intenções com a NBA, nem uma entidade reguladora de atletismo quererá cunhar Usain Bolt a alguma competição. Há 12 anos, lembra a “BBC”, o jamaicano já fizera um pedido semelhante no país, que entretanto prescreveu.

A pose celebratória na qual Usain Bolt se petrificava diante das câmaras, ainda em plena pista de tartã, será o gesto que mais rapidamente se associa ao antigo atleta, vencedor de oito medalhas de ouro olímpicas em três edições (2008, 2012 e 2016) dos Jogos.

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