Crescemos a ver os nossos a brilhar no fundo e meio-fundo, com Carlos Lopes, Rosa Mota, depois Fernanda Ribeiro, Manuela Machado e Carla Sacramento. E depois Rui Silva e mais recentemente Jéssica Augusto, Dulce Félix e Sara Moreira. Todos eles e elas ganharam medalhas em Jogos Olímpicos, Mundiais ou Europeus, todos eles e elas faziam ou fazem da resistência em corrida o seu ganha-pão e alegria dos nossos medalheiros nas maiores competições internacionais de atletismo.
Mas de há 20 anos para cá, algo mudou. Carlos Calado começou a ganhar medalhas no comprimento. Depois Naide Gomes. Afinal, já não corríamos só, também saltávamos, e muito. Seguiu-se Nelson Évora e seu título mundial no triplo salto, que ele rematou com o ouro olímpico em Pequim’2008. Do lado feminino, aparecia Patrícia Mamona, também no triplo. E entretanto também começámos a lançar, e bem. Tsanko Arnaudov foi bronze nos Europeus de 2016 e os anos seguintes trouxeram uma evolução nunca antes vista num setor em que Teresa Machado foi a pioneira.
Com o meio-fundo e fundo em crise, as últimas duas décadas foram de crescimento das disciplinas técnicas em Portugal, que culminou no último fim de semana com uma participação histórica nos Europeus indoor de Torun, na Polónia, com três medalhas de ouro: duas no triplo salto, com Pedro Pablo Pichardo e Patrícia Mamona, e outra no lançamento do peso, com Auriol Dongmo.