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Para chegar às medalhas, Nelson tem de pular mais longe do que estes que aqui estão (conheça os adversários do português)

Nélson Évora foi campeão do Mundo há 10 anos em Osaka. Foi lá que estabeleceu a sua melhor marca
Nélson Évora foi campeão do Mundo há 10 anos em Osaka. Foi lá que estabeleceu a sua melhor marca
Patrick Smith/REMOTE

Desde que treina com o super campeão Ivan Pedroso, que Évora sente estar ao lado dos melhores, todos os dias. Esta quinta-feira (20h20, Eurosport), os “ferraris” da final são outros, mas não menos bons. O campeão olímpico de 2008 vai voltar a surpreender o mundo? A concorrência é forte

Filipa SILVA

A expressão é do recordista nacional do triplo salto. A mudança para Espanha, onde agora treina às ordens de Ivan Pedroso, histórico cubano do salto em comprimento, quatro vezes campeão do mundo ao ar-livre, colocou Nelson Évora a treinar a par de grandes promessas e outras tantas certezas dos saltos horizontais no plano mundial.

Foi em março deste ano, depois do agora triplista do Sporting celebrar a renovação do título europeu indoor em Belgrado: “eu simplesmente procurei o melhor para mim e agora está aqui o resultado. Agora tenho um grupo de treino em que são todos ‘Ferraris’. Nenhum dos meus colegas de treino é um atleta mediano, são todos atletas com capacidade para fazer coisas incríveis todos os dias”, declarou na altura o atleta.

Um desses “ferraris” já conquistou o título mundial em Londres, nos campeonatos que decorrem na capital inglesa até domingo. Yulimar Rojas, da Venezuela, também ela treinada por Pedroso, bateu a super favorita Caterine Ibarguen, da Colômbia, na final do triplo salto feminino. Outro está na final masculina, a par de Nelson Évora: Alexis Copello, cubano, bronze em Berlim 2015, que desde este ano salta com as cores do Azerbaijão.

Companheiros de treino à parte, a concorrência que o português vai enfrentar na final de hoje, quinta-feira, a partir das 20h20, em Londres, é sobretudo norte-americana e cubana.

Quanto a Évora, assume-se em boa condição: “Sempre estive tranquilo, sereno, mas na final quero soltar tudo cá para fora e dar o meu melhor. E vai ser melhor, de certeza”.

O campeão nacional do triplo salto apresenta 17,20 metros como melhor marca do ano e o sexto melhor salto da qualificação.

Agora, os adversários.

Christian Taylor

Na lista dos favoritos, há um nome que se destaca. Duas vezes campeão olímpico e duas campeão do mundo, o norte-americano Christian Taylor está em Londres para ultrapassar Jonathan Edwards no número de títulos mundiais. O próprio Edwards, que faz a cobertura dos campeonatos para a Eurosport, previu, no arranque da competição, que era desta que o seu recorde do mundo que vigora desde 1995 - uns espantosos 18,29 metros - ia ser batido. A aposta do britânico recai em Taylor.

O norte-americano, detentor do segundo maior salto da história - 18,21, alcançado no mundial de há dois anos - concordou. “Alcançar o Recorde? Porque não aqui?”, disse aos media depois da qualificação.

Foi o único a chegar a Londres com um salto acima dos 18 metros - 18,11 - mas foi o segundo na qualificação, atrás do compatriota Chris Benard.

Will Claye

Não conseguiu, como Taylor, Benard e Napoles, passar a marca que dava acesso direto à final na qualificação - 17 metros - mas o primeiro ensaio que fez em Londres, a 16,95 metros, chegou para o apuramento com a quinta marca dos finalistas.

Nos grandes palcos, Will Claye tem ficado na sombra de Taylor - foi prata atrás do compatriota nos Jogos de Londres e do Rio de Janeiro - mas pode gabar-se de ser um dos dois únicos triplistas a terem batido o campeão do mundo.

Em mundiais, Claye ainda não foi além do bronze. Chega a Londres com o segundo melhor salto de 2017 e a vontade de, pela primeira vez, subir ao lugar mais alto do pódio. Se a prata no Rio o levou a subir as bancadas para pedir a namorada em casamento, o que o ouro não fará.

Os jovens cubanos

Na lista de 12 finalistas, duas nacionalidades destacam-se. Os Estados Unidos, com Taylor, Claye e Benard - que, já agora, é o dono da melhor marca da qualificação com 17,20 - e Cuba. Da ilha caribenha, com forte tradição nos saltos, chega uma “armada” muito jovem e promissora.

Cristian Napoles, terceiro da qualificação, que saltou 17,06 metros à primeira, tem apenas 18 anos. Foi campeão mundial júnior em 2015. Andy Díaz, que este ano chegou aos 17,40 metros, nos campeonatos cubanos, melhorando em 56 centímetros (!) a sua melhor marca, tem 21. E Lázaro Martinez, com três títulos mundiais de júnior, o último dos qualificados para a final, tem 19 anos.

Os ausentes

Pedro Pablo Pichardo, prata nos mundiais de Moscovo e Pequim, e um dos cinco homens na Terra a passar os 18 metros no triplo salto, é a grande ausência destes campeonatos. Em abril, o triplista de 24 anos desapareceu da concentração da seleção cubana, na Alemanha, para aparecer pouco tempo depois em Portugal, onde veio assinar um contrato com o Benfica de quem agora é atleta. A deserção valeu-lhe para já ficar fora destes Mundiais.

Nota ainda para as ausências de dois jovens que se têm afirmado na especialidade: o campeão da Europa, Max Hess, da Alemanha, que não se apresentou nas eliminatórias devido a um problema muscular; e Melvin Raffin, da França, que não foi além dos 16,18 metros na qualificação.

Triplo Salto - Final Masculina
Quadro de qualificação

1. Chis Benard (EUA) - 17,20 metros
2. Christian Taylor (EUA) - 17,15 metros
3. Cristian Napoles (CUB) - 17,06 metros
4. Andy Díaz (CUB) - 16,96 metros
5. Will Claye (EUA) - 16,95 metros
6. Nélson Évora (POR) - 16,94 metros
7. Alexis Copello (AZE) - 16,89 metros
8. Pablo Torrijos (ESP) 16,80 metros
9. Jean-Marc Pontvianne (FRA) - 16,78 metros
10. Yordanys Duranona (DMA) - 16,71 metros
11. Ruiting Wu (CHN) - 16,66 metros
12. Lázaro Martinez (CUB) - 16,66 metros

Resultados do português em campeonatos do mundo

Helsínquia 2005 - Falhou a qualificação para a final
Osaka 2007 - Ouro com 17,74 metros (recorde nacional)
Berlim 2009 - Prata com 17,55 metros
Daegu 2011 - 5º classificado
Moscovo 2013 - Não participou
Pequim 2015 - Bronze com 17,52 metros

Resultados em Jogos Olímpicos

Atenas 2004 - Falhou a qualificação para a final
Pequim 2008 - Ouro com 17,67 metros
Londres 2012 - Não participou
Rio de Janeiro 2016 - 6º classificado

Medalhados do Triplo Salto nos Mundiais de Pequim 2015

1. Christian Taylor - Ouro (18,21m)
2. Pablo Pichardo - Prata (17,73m)
3. Nélson Évora - Bronze (17,52m)

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