Os lobos de Wolverhampton uivam em português. O próximo freguês a encher o Molineux é Matheus Nunes, o rapaz que começou humildemente no Ericeirense, num campo pequeno, pequenino, onde não fazia tanto valer o transporte de bola, mas sim a refinada técnica para aquele nível e o remate de longe. Matheus, que preferiu ser um miúdo bom de bola em vez de um moleque bom de bola, quando rejeitou a chamada do Brasil de Tite para representar o país onde nasceu, custou aos ingleses pelo menos 45 milhões de euros.
“O treinador do West Ham disse que o miúdo recusou”, realçou, no sábado passado, Rúben Amorim. “Isso, para mim, é um grande sinal para o Sporting, antes houve fases em que os jogadores do Sporting estavam doidos para sair e agora têm propostas que lhes podem mudar a vida e eles querem ficar cá. É um excelente sinal que demonstram que as pessoas gostam de estar cá, têm prazer no dia a dia e, às vezes, abdicam de coisas para estarem junto de nós. Ele sabe bem o que quer, eu também e agora é fechar o mercado.”
Mas o mercado não fechou e Matheus, já internacional A pela seleção portuguesa e um dos melhores futebolistas do nosso campeonato, saiu mesmo, juntando-se a outros portugueses como José Sá, Nélson Semedo, Toti Gomes, Rúben Neves, João Moutinho, Chiquinho, Pedro Neto, Daniel Podence e Gonçalo Guedes.

Gualter Fatia
Esta tarde, Rúben Amorim comentou a mudança do futebolista para Inglaterra: "Não estou contente, é um jogador que nos faz muita falta e não contava perdê-lo, mas agora é preparar o próximo jogo com os jogadores que temos. Não vamos gastar o dinheiro do Matheus porque ele foi vendido para fazer face a coisas básicas do clube e foi essa a ideia que me transmitiram e não vamos ser nós a estragar esse conforto financeiro".
O ex-jogador do Sporting só não tem sido a grande razão de falatório na Premier League porque estará iminente a transferência de Casemiro para o Manchester United. O médio do Real Madrid, que também passou pelo FC Porto, estará tentado a assinar um contrato de cinco anos com a equipa que joga no Old Trafford, com um salário, escreve-se em Inglaterra, que poderá ser o dobro do que aufere na capital espanhola. Está assim à vista o encerramento do triângulo das Bermudas mais famoso do futebol mundial, com Toni Kroos e Luka Modric, a troco de mais de 60 milhões de euros.
Carlo Ancelotti deu corpo aos rumores: “Conversei com ele, quer um novo desafio. O clube compreende e temos de respeitar esse desejo. Agora estão a decorrer negociações. É verdade que sua vontade passa por sair. Nós temos mais recursos. Ele ajudou muito a equipa, temos de ouvir a sua vontade e penso que não existe a possibilidade de recuar. Se as partes chegarem a acordo, então desejo tudo de bom para ele”. Com o adeus iminente do médio brasileiro, de 30 anos, quem se juntará a Modric e Kroos? Estará Aurélien Tchouaméni pronto? A vaga será entregue ao entusiasmante Eduardo Camavinga?

Soccrates Images
O mercado de transferências continua ativo, ainda que vá perdendo aquele gás e os milhões tenham puxado o travão de mão. Giovanni Simeone, filho de Diego Simeone, vai jogar na terra onde foi, é e será deus Diego Armando Maradona, que jogou alguns anos com o pai. O avançado chega ao Nápoles depois de uma bela temporada no Hellas Verona.
Ainda assim, registaram-se algumas transferências endinheiradas: Morgan Gibbs-White voou do Wolves para o Nottingham Forest, por 29,5 milhões de euros; Tanguy Nianzou do Bayern para o Sevilha, por 16 milhões; o Brighton, carregado de dinheiro após a venda de Marc Cucurella ao Chelsea, encontrou em Pervis Estupiñan, do Villarreal, o substituto ideal, por 18 milhões. Ainda na Premier League, o Tottenham, que voltou a colocar Lo Celso por empréstimo no Villarreal, fechou Destiny Udogie, da Udense, por 18 milhões. E, finalmente, o PSG deixou sair Thilo Kehrer para o West Ham, por qualquer coisa como 12 milhões.
Houve outras transferências interessantes. Reinier, um garoto brasileiro de quem muito se espera, voltou a ser emprestado pelo Real Madrid: segue-se o Girona. O gigante Artem Dzyuba deixou o Zenit e mudou-se para a Turquia, para o Adana Demirspor.
Os espanhóis Marc Bartra (Betis) e Sergio Gómez (Anderlecht) vão jogar no Trabzonspor e Manchester City, respetivamente, enquanto os portugueses Pedro Pereira e Domingos Quina transferiram-se para Alanyaspor e Elche.
AS MEXIDAS POR CÁ
Após a saída de André Franco para o FC Porto, o Estoril Praia recrutou João Carvalho, um médio formado no Benfica que estava no estrangeiro desde 2018. Lá fora, passou por Nottingham Forest, Almería e, mais recentemente, Olympiacos.
O Famalicão esteve particularmente movimentado nesta semana, contratando Puma ao Alavés e Enea Mihaj, ex-PAOK.
Luís Freire vai testemunhar o regresso de Emmanuel Boateng, um internacional ganês que andou nos últimos anos na China e Espanha e vai agora jogar no Rio Ave.
O Boavista recebeu o central Bruno Onyemaechi por empréstimo do Feirense e Adrián Marín, um defesa canhoto, deixou o Granada para jogar pelo Gil Vicente de Ivo Vieira.
Fechando como se começou, o Wolves terá, apesar de tudo, menos um uivo em português: Bruno Jordão, formado na União de Leiria e Sp. Braga, vai estar este ano ao serviço do Santa Clara, por empréstimo.