Jogos Olímpicos

Uma das quase garantidas medalhas de ouro de Paris deixou de estar garantida: Yulimar Rojas não vai aos Jogos Olímpicos

Uma das quase garantidas medalhas de ouro de Paris deixou de estar garantida: Yulimar Rojas não vai aos Jogos Olímpicos
Tim Clayton - Corbis

Venezuelana lesionou-se no tendão de aquiles da perna esquerda e vai falhar os Jogos Olímpicos, onde era favoritíssima a renovar o título de Tóquio. Paris perde uma das maiores dominadoras do atletismo dos últimos anos

Ver Yulimar Rojas a saltar é uma experiência próxima do sobrenatural. Biologicamente, a venezuelana não é deste mundo: alta, esguia, uma trave de 1,92 metros. E uma capacidade quase esotérica quando o assunto é saltar.

Há três anos, em Tóquio, é possível que Patrícia Mamona tenha sido a medalha de ouro no triplo-salto entre as humanas. Foi prata porque o ouro foi para esta mulher sensacional, que ao último salto, já com o ouro garantido, ainda levantou metaforicamente um estádio vazio com um salto de 15,67, um recorde mundial extraordinário, mais dezessete centímetros que o anterior registo, que já vinha de 1995 e era da ucraniana Inessa Kravets - e para compararmos, Patrícia Mamona acabou o concurso com 15,01 metros.

Nessa derradeira tentativa, a derradeira prova de domínio e sobrenaturalidade, Rojas até parece que se encolhe no segundo salto, o step, tal a magnificência do primeiro salto, apoiado naquelas pernas que parecem nunca mais acabar. Mesmo assim, o recorde do mundo explodiu ali.

Daí para cá, Yulimar não parou de ganhar. Ainda melhorou o recorde mundial, para 15,74, mas em pista coberta, foi campeã mundial ao ar livre em 2022 e 2023, três vezes campeã da Diamond League. Consolidou-se como uma das mais dominadoras atletas da história.

Mas o físico tramou Rojas, uma das medalhas de ouro quase certas de Paris. E a venezuelana não vai estar nos próximos Jogos Olímpicos, deitada abaixo por uma lesão no tendão de aquiles, que contraiu durante um treino.

“É com muita dor e tristeza que quero contar-vos que, no treino, na receção de um salto, tive uma dor intensa que se traduziu numa lesão do tendão de aquiles esquerdo. O meu coração está destroçado e quero desculpar-me por não poder representar-vos em Paris 2024”, escreveu a atleta nas redes sociais, onde se confessou “muito afetada emocionalmente”.

Yulimar Rojas foi operada esta quinta-feira em Madrid, onde há muitos anos reside e treina com o cubano Ivan Pedroso. Ao tornar-se na primeira mulher venezuelana a ganhar uma medalha de ouro nuns Jogos Olímpicos, Rojas tornou-se um ícone no país. E também por isso as últimas horas têm sido “muito complexas”, diz. “Questionei-me e analisei o porquê disto ter acontecido”, escreveu também a campeã nascida há 28 anos em Caracas: “O desejo de defender o meu título olímpico entusiasmava-me enormemente mas agora tenho de parar, entender isto, recuperar e voltar com muita força para continuarmos a voar juntos”.

Com a ausência de Yulimar Rojas, o título olímpico do triplo-salto no feminino fica completamente em aberto. Também a presença de Patrícia Mamona, que tem tido problemas físicos, ainda não é uma certeza. Do lado masculino, o português Pedro Pablo Pichardo, campeão olímpico em Tóquio, não tem competido, entre lesões e questões com o seu clube, o Benfica. Ainda não tem mínimos para Paris.

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